Americanas suspende venda de Puket e Imaginarium e cita ofertas abaixo do esperado

Varejista interrompe busca por interessados para comprar ativos do Grupo Uni.co, enquanto se prepara para divulgar balanço de 2022 no final do mês

Loja da Imaginarium foi fechada no Jardim Pamplona, no Jardim Paulista, na capital paulista
04 de Outubro, 2023 | 10:43 AM

Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3) suspendeu o processo de venda dos ativos do Grupo Uni.co, a plataforma de franquias de varejo especializado que inclui ainda as redes Puket, Imaginarium, Casa MinD e a Love Brands. Segundo a decisão, comunicada na noite de ontem (3), as ofertas apresentadas pelas marcas foram consideradas abaixo das expectativas da companhia.

No último domingo (1º), Bloomberg Línea publicou que o momento desafiador do varejo brasileiro, com margens comprimidas ainda mais pelo consumo inibido pelo “combo”de inflação e juros elevados, desencoraja outros players de apresentar ofertas atraentes pelos ativos, que não apresentam diferencial não replicável que justifique propostas competitivas. A avaliação tinha sido feita por uma pessoa a par das negociações, que pediu anonimato, pois o assunto é privado.

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No primeiro plano de reestruturação dentro da recuperação judicial, divulgado em março, a Americanas havia declarado que venderia ativos para reforçar o caixa e ajudar a pagar parte de suas dívidas, que somam mais de R$ 40 bilhões. O Citi tinha sido contratado para receber ofertas dos potenciais interessados pelas marcas do Grupo Uni.co e pela Natural da Terra, rede de hortifruti.

No comunicado de ontem, a Americanas esclareceu que não desistiu da venda, mas admitiu que as condições comerciais apresentadas nas ofertas não eram atrativas e que pode retomar o processo de prospecção de interessados (market sounding) em um momento oportuno.

A companhia não revelou os nomes das empresas que fizeram as ofertas. Segundo explicou a fonte, nesses processos, é comum que quase todos os players do segmento encaminhem propostas, pois há o interesse de acessar os dados sobre os ativos para reforçar suas estratégias, sem ter necessariamente o interesse de apresentar uma oferta competitiva para fechar o negócio.

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A suspensão do market sounding ocorre em um momento em que a Americanas continuar a fechar um acordo com seus bancos credores, após nove meses de idas e vindas nas negociações.

As tratativas têm sido marcadas por uma série de batalhas jurídicas, troca de acusações e uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) no Congresso, que terminou na semana passada sem apontar indiciados pela fraude de R$ 20 bilhões em sua contabilidade.

Os próximos capítulos da principal crise empresarial do varejo brasileiro são a publicação do balanço de 2022, prevista para o próximo dia 30 de outubro, passo importante para convocar uma assembleia com credores para aprovar ou não o plano de reestruturação da companhia.

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Com as correções das demonstrações financeiras do ano passado, após a identificação de manipulações em valores e linhas do balanço referentes à contabilização do chamado “risco sacado” (antecipação de recebíveis) e aos valores devidos aos fornecedores, a Americanas poderá ficar mais próxima de tentar começar a superar a maior crise de sua história.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.