Americanas sofre 16 ações de despejo e perde 5 milhões de clientes na crise

Caixa disponível somava R$ 1,2 bi em maio, cerca da metade do valor em dezembro, antes da revelação do rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões; empresa segue negociando com credores

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Bloomberg Linea — A Americanas (AMER3) enfrenta 16 ações de despejo por falta de pagamento após quase seis meses de recuperação judicial (RJ), desencadeada pela revelação de uma fraude contábil em janeiro. Desde o fim de 2022, a rede fechou 40 lojas, perdeu cerca de 10% dos clientes ativos e ver seu caixa evaporar 50%.

A varejista informou o número de ações de despejo em seu mais recente relatório da RJ, divulgado na última sexta-feira (30), que deu nova dimensão ao encolhimento de sua operação.

Nos últimos 12 meses, até maio último, a companhia fechou 48 lojas. Só nos cinco primeiros meses de 2023, 40 unidades baixaram as portas. No final de maio, a Americanas reunia 1.842 lojas, informou o relatório.

Os últimos despejos confirmados no relatório foram das lojas nos shopping centers Plaza Sul, no bairro paulistano da Saúde, e Nova Cidade, em Vitória, capital de Espírito Santo.

“Atualmente as recuperandas contam com 16 ações de despejo em curso por falta de pagamento de créditos concursais”, admitiu a Americanas no relatório.

A varejista acrecentou ainda que, em alguns desses casos, suas lojas depositaram judicialmente os valores cobrados “com o único e exclusivo propósito de preservar seu fundo de comércio”.

O fechamento das lojas levou e foi acompanhado de uma redução no número de clientes considerados ativos da ordem de 10% neste ano. Segundo o relatório, o número de clientes ativos em maio foi de 44,242 milhões, ante 49,118 milhões em dezembro do ano passado. Uma queda de cerca de 5 milhões de clientes.

Além de menos lojas e menos clientes, a Americanas tem também operado com menos caixa: o relatório informou que o caixa final disponível em maio foi de R$ 1,178 bilhão, cerca da metade do valor de dezembro (R$ 2,283 bilhões). Ainda assim, a empresa tem conseguido sustentar a operação.

A varejista também citou as entradas de recursos com vendas equivalentes a R$ 1,724 bilhão em maio, ante R$ 4,275 bilhão em dezembro, mês tradicionalmente mais forte em vendas devido às compras do final do ano. Em junho do ano passado, as entradas de venda responderam por R$ 2,115 bilhões.

“O fluxo de caixa realizado revela que o saldo final disponível em caixa em maio, no valor de R$ 1,178 bilhão, foi 38% inferior ao saldo inicial registrado em junho de 2022″, destacou o relatório.

O encolhimento operacional da Americanas ocorre em meio às negociações com quase 10 mil credores e à investigação da fraude contábil em diversas instâncias, da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) à uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados.

Já os bancos credores, que estão entre os maiores do país, ainda não fecharam acordo de renegociação de dívidas com a companhia, enquanto investidores minoritários e outros que compraram debêntures da empresa, rejeitam as condições do acordo e querem descontos menores nas dívidas.

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