Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3) divulgou nesta quinta-feira (16) que teve prejuízo líquido total de R$ 19,1 bilhões no período de dois anos (de R$ 12,912 bilhões em 2022 e de R$ 6,237 bilhões em 2021), em balanços revisados após a revelação de manobras contábeis, sob suspeita de fraude, da ordem de R$ 20 bilhões.
Com a publicação dos resultados, a varejista cumpre uma condição necessária para fechar um acordo com bancos credores e aprovar um plano de recuperação judicial. A dívida líquida real totalizava R$ 26,3 bilhões no final de dezembro de 2022, segundo o grupo.
Além das demonstrações financeiras de 2022 e 2021, a companhia divulgou guidances (projeções) para seu plano estratégico de negócios, com expectativa de ver seu patrimônio líquido positivo em 2025. Em 2022, ficou negativo em R$ 26,7 bilhões.
Outra projeção é alcançar uma geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de mais de R$ 2,2 bilhões (ou mais de R$ 1,5 bilhão depois do pagamento de aluguéis) em 2025.
“Após sofrer fraude de resultados praticada pela antiga diretoria, a companhia tem centrado esforços na continuidade do negócio, que ganhará mais fôlego a partir do aumento de capital de R$ 12 bilhões que será realizado pelos acionistas de referência e capitalização de dívida concursal por parte dos credores também no valor de R$ 12 bilhões, assim como com a aprovação do Plano de Recuperação Judicial pelos credores”, informou a Americanas, em comunicado.
Assembleia em 2023
Na nota à imprensa, a varejista manteve a expectativa de que a Assembleia Geral de Credores seja realizada ainda em 2023.
“A companhia apresentará, em conferência com o mercado hoje, a evolução dos termos do PRJ, como a priorização do pagamento de credores que aceitem receber até R$ 12 mil à vista em cota única, logo após a aprovação do Plano, além de alternativas especiais para os credores fornecedores da Classe 3″, informou a companhia.
A teleconferência com analistas está marcada para as 10h desta quinta-feira, segundo o site de Relações com Investidores da companhia.
Com Ebitda negativo de R$ 6,2 bilhões em 2022, a Americanas informou que o plano de negócios, apresentado pela atual gestão da companhia, “está focado na fortaleza e resiliência do canal físico, apoiado pela excelência operacional do digital, pelo portfolio de serviços financeiros customizados da Ame e pela diversidade de seu retail media, que rentabiliza seus ativos por meio de advertising”.
A varejista acrescenta que o plano, que já está em curso, prevê ainda a renovação das lojas físicas, a otimização dos custos de ocupação e revisão de processos para oferecer excelência na jornada dos consumidores.
“A plataforma digital da Americanas terá também foco no marketplace e no Online to Offline (O2O), um diferencial dacCompanhia, oferecendo mais sortimento e conveniência para os milhares de clientes da Americanas em todo o país. A Ame atuará como alavanca para o fortalecimento da marca Americanas, com ampliação de seu programa de loyalty para aumentar o engajamento de clientes, além de estímulo ao cashback e meios de pagamento”, detalhou a companhia.
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