Americanas faz novas demissões: cortes somam 8.000 vagas em 7 meses de crise

Rede varejista dispensou 754 funcionários na última semana de julho e fechou cinco lojas, enquanto negociações com bancos credores se arrastam sem desfecho

Americanas fecha lojas e segue com demissões em massa, enquanto bancos credores apostam em solução para dívida no mês que vem
07 de Agosto, 2023 | 06:34 PM

Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3), em recuperação judicial desde janeiro, acumula cerca de 8.000 demissões em sete meses de crise, após a revelação de um rombo contábil de R$ 20 bilhões. O novo relatório da companhia aponta que 754 desligamentos foram realizados na última semana de julho, bem como o fechamento de cinco lojas.

Bancos credores, como o Bradesco (BBDC4) e o Santander Brasil (SANB11), esperam ainda uma solução com a varejista, desta vez sinalizando um acordo até o final do terceiro trimestre. A expectativa anterior era até o fim de junho.

Segundo o relatório mais recente da recuperação, a Americanas encerrou o mês de julho com 35.130 empregados, ante 43.123 no começo do ano, antes de entrar em recuperação judicial no dia 19 de janeiro na Justiça fluminense. No período, houve uma redução de 7.993 vagas (18%).

A varejista tinha um total de 1.820 lojas ao fim de julho. Desde janeiro, a empresa já descontinuou as operações de 60 unidades (tinha 1.880 estabelecimentos em janeiro).

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Em nota, a varejista informou que tem o compromisso de honrar obrigações trabalhistas nas demissões realizadas nos últimos meses, um cenário que a companhia descartava no início de sua crise em janeiro. “O desligamento de colaboradores apresentado no relatório semanal do administrador judicial reflete a reestruturação de frentes de negócio a partir de seu plano de transformação e pedidos de demissão de colaboradores”, cita a nota.

A varejista acrescentou que “o número de demissões acumuladas entre janeiro e julho de 2023 está 20% inferior ao realizado no mesmo período de 2022″e que “segue com foco na manutenção de suas operações e no aumento de sua eficiência”.

Na semana passada, o CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, disse a um grupo de jornalistas que as equipes destacadas para negociar com representantes da varejista estavam evoluindo nas tratativas para fechar um acordo com os bancos credores e que havia a expectativa de anúncio de uma acordo após a divulgação do balanço do quarto trimestre, previsto para setembro.

A Americanas tem dívida de R$ 5,2 bilhões com o Bradesco, acima dos créditos a pagar para o Santander (R$ 3,6 bilhões) e o Itaú Unibanco (ITUB4), de R$ 4,3 bilhões.

A companhia, que tem como acionistas de referência o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, da 3G Capital, tem enfrentado objeções de credores, principalmente fornecedores, no processo de negociação de um Plano de Recuperação, que tem ainda de ser submetido a uma assembleia geral de credores, ainda sem data para ocorrer.

A Americanas propõe desconto de até 80% no valor das dívidas, exige desistência de ações judiciais pelos credores e indica a disposição de vender ativos, como a Natural da Terra, rede de hortifruti, a Puket e a Imaginarium, além de seu jatinho, para honrar seus compromissos.

(Atualiza às 20h10 com nota da Americanas)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.