Americanas decide trocar PwC por BDO como auditora após suspeita de fraude

Substituição foi aprovada em reunião do conselho de administração, duas semanas após ter divulgado a suspeita de que o rombo contábil que deu origem à sua crise tenha sido uma fraude

Por

Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3) decidiu trocar a PwC pela BDO como auditora de seus balanços, segundo informou nesta quarta-feira (28) por meio da ata da reunião do conselho de administração realizada ontem (27). A empresa auditava os balanços da varejista desde 2019.

A substituição ocorre após a companhia ter revelado uma suspeita de fraude contábil da ordem de R$ 20 bilhões e entrar em recuperação judicial em janeiro, oi que abriu a maior crise da história da companhia, fundada em 1929.

Segundo a ata da reunião, a decisão de trocar a auditoria foi embasada por assessores jurídicos.

“Tal deliberação não antecipa qualquer juízo de valor a respeito do trabalho da PwC realizado”, apontou a ata.

Há duas semanas, a empresa apontou a suspeita de que tenha ocorrido fraude cometida pela diretoria anterior, comandada pelo ex-CEO Miguel Gutierrez, que ficou 20 anos no cargo. Procurados pela Bloomberg Línea, os executivos não se manifestaram desde então.

Durante a CPI que apura o escândalo na contabilidade da varejista na Câmara dos Deputados, conversas eletrônicas da diretoria foram apresentadas, expondo mensagens que sugerem uma suposta maquiagem deliberada do balanço.

A Americanas busca fechar um acordo com seus bancos credores. Os principais executivos dessas instituições financeiras, que são as maiores do país, haviam sinalizado anteriormente a expectativa de que seria possível alcançar um entendimento formal até o final de junho.

Desde a revelação do rombo da Americanas em janeiro, a PwC não se manifestou publicamente, com a justificativas de que não comenta casos específicos de clientes. A varejista indicou a intenção de divulgar o balanço do quarto trimestre até o final de agosto.

Leia também

PwC enfrenta desconfiança do mercado após rombo de R$ 20 bi na Americanas

Venda para o UBS não estanca resgates de investidores do Credit Suisse