Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3) assumiu a propriedade do Embraer Phenom 300 (modelo EMB-505), que estava em nome do Itaú Unibanco (ITUB4), financiador da compra. O jato bimotor com capacidade para transportar até nove passageiros tinha sido adquirido pela companhia em abril de 2014 por R$ 25,6 milhões. Na prática, isso significa que a varejista poderá finalmente oficializar a venda do avião dentro do plano de se desfazer de ativos para pagar credores.
A dívida total da Americanas sem desconto alcança a cifra de R$ 42,5 bilhões.
A transferência de propriedade foi oficializada no último dia 28 de setembro, segundo a atualização da matrícula da aeronave no RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro), vista pela Bloomberg Línea.
Anteriormente, o documento apontava como proprietário do ativo o Itaú BBA, banco de investimentos do maior conglomerado financeiro do Brasil.
Em março, Bloomberg Línea informou que o avião havia sido adquirido por meio de um financiamento de leasing concedido pelo Itaú à Americanas e que o bem foi colocado como garantia de empréstimo. Por esse motivo, o RAB apontava antes a subsidiária do banco como proprietária do jatinho.
O Phenom 300, fabricado em 2014, integrava a lista de ativos que a varejista tinha decidido vender para levantar recursos e contribuir para o pagamento de credores, após a revelação em janeiro da fraude contábil da ordem de R$ 25,2 bilhões (valor atualizado no último dia 16).
A Americanas, que pode anunciar hoje ter fechado um acordo com os bancos credores, segundo informou a Bloomberg News mais cedo, ainda não confirmou se vendeu o jato.
No último dia 3, o jornal O Globo informou, sem citar de onde obteve a informação, que a venda da aeronave teria sido acertada com o empresário Beto Studart, CEO da BSpar Incorporações, com sede em Fortaleza, no Ceará, por US$ 9 milhões. A incorporadora não respondeu ao pedido de comentários enviado por e-mail.
Além do jatinho, a Americanas ofereceu ao mercado a HNT (Hortifruti Natural da Terra) e marcas do Grupo Uni.co, plataforma de franquias de varejo, como Imaginarium e Puket, mas suspendeu o processo de venda, alegando ter recebido ofertas abaixo das expectativas.
Em março, a companhia forneceu à Bloomberg Línea a previsão de quitar o financiamento com o Itaú “no meio do ano”, mas hoje evitou comentar o assunto novamente, bem como o Itaú.
Em mensagem enviada à Bloomberg Línea, a Americanas confirmou apenas a obtenção do sinal verde da Justiça para formalizar o negócio.
Penny stocks
Com as notícias ainda não confirmadas publicamente sobre a iminência do anúncio de um acordo com os bancos credores, as ações das Americanas listadas na B3 deixaram de ser negociadas como penny stocks (cotadas abaixo de R$ 1), patamar associado a papéis de companhias em dificuldades que os investidores evitam carregar em carteira.
Por volta das 12h30, AMER3 era cotada a R$ 1,08 (queda de 0,93%), acumulando desvalorização de 88% no ano. Na última segunda-feira (20), o papel fechou a R$ 1,01, deixando o grupo das penny stocks.
De lá para cá, conseguiu fechar o pregão acima dessa barreira psicológica: R$ 1,18 (terça), R$ 1,09 (quarta) e R$ 1,09 (quinta).
Em último relatório sobre o andamento da recuperação judicial, referente a semana de 13 e 19 de novembro, a varejista informou ter registrado 5.546 admissões e 4.765 desligamentos, aumentando em 15% seu quadro de funcionários, que chega a 38.910 colaboradores sob o regime CLT (carteira assinada), para um parque de 1.759 lojas.
O incremento teve relação com o plano de abrir 5.000 vagas temporários para reforçar a operação para Black Friday.
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