Bloomberg Línea — O aumento do consumo de cerveja sem álcool tem sido perceptível em diferentes cantos das cidades brasileiras - está presente até no isopor de vendedores ambulantes em blocos de Carnaval.
Os resultados do quarto trimestre da Ambev, divulgados na manhã desta quarta-feira (26), revelaram uma dimensão dessa tendência comportamental de alcance global: um crescimento perto de 20% nas vendas da categoria, segundo números aos quais a Bloomberg Línea teve acesso.
As duas marcas principais da maior cervejaria do país - a Corona Cero e a Bud Zero - lideraram esse avanço do consumo, cujos dados em volume não foram divulgados. No mundo, a Corona Cero cresceu mais de 100% em volume (veja mais abaixo).
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“Essa categoria não veio para substituir mas para ampliar as possibilidades, dando ao consumidor a liberdade de escolher o que ele entende que faz mais sentido para cada ocasião”, disse Gustavo Castro, diretor de Estratégia e Insights da Ambev, à Bloomberg Línea.
A Ambev tem reforçado as ações de marketing que envolvem tais marcas, assim como a AB InBev, gigante global da qual faz parte - a Corona Cero foi a marca escolhida para ser apresentada como a cerveja oficial da Olimpíada de Paris no ano passado, por exemplo. Nesta semana, o grupo anunciou a renovação desse contrato com o Comitê Olímpico Internacional (COI) até a Olimpíada de 2032.
“O crescimento do segmento de cerveja sem álcool reforça a versatilidade da categoria e sua sintonia com as tendências de consumo do futuro”, afirmou o executivo brasileiro.
Nesta sexta, as ações da Ambev negociadas na B3 subiam cerca de 5% perto do meio-dia, depois de terem alcançado alta de até 6,8%. Analistas apontam como razões métricas acima do consenso das estimativas, como o caso do lucro líquido ajustado.
Como efeito da estratégia de vendas de bebidas com maior valor agregado, o volume de vendas de cerveja avançou 0,6% no ano, mas em ritmo maior de 3,2% na receita líquida e de 9,8% no Ebitda (métrica de geração de caixa operacional).
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Tendência global na AB InBev
O desempenho de marcas sem álcool foi destacado também na apresentação de resultados da AB InBev (BUD). As ações do grupo subiam mais de 8% na NYSE, a Bolsa de Nova York.
“Temos visto forte demanda dos consumidores pela Michelob Ultra Zero desde o seu lançamento em janeiro de 2025″, apontou o maior grupo de cervejas do mundo sobre o produto voltado para o mercado americano no comunicado.
A Michelob Ultra, uma cerveja que já tem características de sabor mais leve e menos calorias, liderou o crescimento da AB InBev nos Estados Unidos e foi a marca que mais ganhou market share no segundo semestre do ano fiscal passado.
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“Nós somos líder em cerveja sem álcool nos nossos mercados-chave, que incluem EUA, Brasil e Bélgica, e vemos um grande potencial para crescimento futuro”, disse a AB InBev no comunicado.
A companhia global destacou a importância estratégica de contar com um portfólio que inclui “opções para consumidores que buscam escolhas equilibradas, como marcas com baixo teor de carboidratos, orgânicas, sem açúcar, sem glúten e sem álcool”.
A Heineken, uma das principais concorrentes da AB InBev no mundo, também destacou o aumento da demanda pela cerveja sem álcool - a Heineken 0.0 - em sua apresentação de resultados.
Troca de comando na Ambev
Esse foi o último resultado da Ambev sob a gestão de Jean Jereissati. O executivo ficou cinco anos no cargo e saiu no fim de dezembro para liderar a chamada Zona da América Central, o maior mercado da AB Inbev.
Desde o começo deste ano, a Ambev é comandada por Carlos Lisboa, um executivo com mais de 30 anos de casa - incluindo a AB InBev, em que liderava justamente a nova área de Jereissati.
Com a ressalva da base mais baixa de comparação, o ritmo de expansão das marcas de cerveja zero foi superior até ao das marcas premium, lideradas pela Spaten e pela Corona e que tiveram crescimento de mais de 10% no ano.
Como reflexo desse movimento, o Brasil se posicionou em 2024 como o principal mercado para a Corona produzida pela AB InBev.
Desde 2020, essa categoria teve uma expansão de mais de 200%, o que significa que triplicaram de tamanho para a Ambev (ABEV3).
Com preços mais elevados e margens mais altas, as marcas premium já representam 28% do volume total, em um mix que permite à companhia equilibrar uma demanda mais fraca de modo geral.
“Como resultado da combinação de marcas mais fortes, premiumização e inovação contínuas e iniciativas de gestão de receita, nossa receita líquida por hectolitro cresceu 5,6% – tendo crescido em sete dos nossos dez principais mercados –, resultando em um aumento da receita líquida de 4,6% [na operação consolidada]”, disse a Ambev em seu comunicado com os números trimestrais.
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