Bloomberg — A Amazon (AMZN) disse aos investidores na quinta-feira (1º de agosto) que, por enquanto, os lucros ficarão em segundo plano em relação aos grandes gastos com inteligência artificial.
A empresa projeta que o lucro operacional para o trimestre atual, que termina em setembro, ficará entre US$ 11,5 bilhões e US$ 15 bilhões. Os analistas, em média, esperavam US$ 15,7 bilhões.
Depois de se concentrar na redução de custos durante os últimos dois anos, o CEO Andy Jassy está gastando mais para capitalizar o boom da IA generativa, que pode criar texto, vídeo e imagens com base em simples inputs do usuário.
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A Amazon disse que a oportunidade representa um “negócio de receita multibilionária”.
A decisão de gastar no curto prazo para aproveitar as oportunidades de crescimento no futuro está incorporada ao DNA da Amazon desde que Jeff Bezos fundou a empresa, há 30 anos. Os investidores geralmente não gostam desse tipo de estratégia.
“A Amazon sempre teve surtos de investimento às custas das margens de curto prazo, e parece que eles estão planejando isso para o resto do ano”, disse Gil Luria, analista da DA Davidson.
As ações caíam 8,5% por volta das 8h40 (horário de Brasília), antes da abertura dos mercados em Nova York, preparando o terreno para a maior queda intradiária em quase um ano.
As ações haviam subido 21% este ano até o fechamento de ontem. Nas últimas semanas, os investidores demonstraram uma impaciência crescente com os esforços das empresas de tecnologia para lucrar com seus investimentos maciços em IA.
“A boa notícia”, disse Luria, é que grande parte do dinheiro está indo para a unidade de nuvem da Amazon Web Services (AWS), que teve crescimento de 19% nas vendas no segundo trimestre - mais do que o projetado pelos analistas.
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Em uma reunião com repórteres depois da divulgação do balanço, o diretor financeiro Brian Olsavsky disse que a Amazon gastou US$ 30,5 bilhões em despesas de capital no primeiro semestre do ano.
Isso inclui dinheiro para data centers necessários para alimentar a AWS. Em seguida, ele se comprometeu a gastar ainda mais no segundo semestre. “Vemos uma forte demanda em cargas de trabalho de IA geradora e não geradora”, disse Olsavsky.
A Microsoft (MSFT) divulgou na terça-feira (30) um crescimento lento em seu braço de computação em nuvem Azure e disse que espera continuar gastando fortemente em data centers.
No dia seguinte, a Meta (META) divulgou ganhos otimistas que devem dar tempo para que seus investimentos em IA sejam recompensados. Já na semana passada, as ações da Alphabet (GOOGL) afundaram depois que ela surpreendeu Wall Street com custos mais altos que ofuscaram as vendas trimestrais melhores do que o esperado.
Guidance conservador e AWS
A Amazon também forneceu um guidance conservador de receita para o terceiro trimestre. A expectativa é de um crescimento de 8% a 11% nas vendas, chegando a US$ 158,5 bilhões, disse a empresa em um comunicado. Os analistas estimaram, em média, US$ 158,4 bilhões.
Com relação à receita, Olsavsky disse que a empresa está “vendo consumidores cautelosos em busca de ofertas”. Grandes eventos, incluindo as Olimpíadas, parecem ter interrompido os padrões normais de compra no trimestre atual, tornando mais difícil prever as vendas, acrescentou.
O braço de nuvem, que sofreu um recorde de baixo crescimento de vendas no ano passado, continuou a se recuperar durante o segundo trimestre. A receita da AWS cresceu 19%, para US$ 26,3 bilhões, superando as estimativas e registrando o segundo período consecutivo de crescimento em relação ao trimestre anterior.
A receita total aumentou 10% para US$ 148 bilhões no período encerrado em 30 de junho, em comparação com a estimativa média dos analistas de US$ 148,8 bilhões.
Sediada em Seattle, a Amazon teve um lucro operacional de US$ 14,7 bilhões. Os analistas, em média, projetavam US$ 13,6 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Já as despesas operacionais aumentaram 5,2%, para US$ 133,3 bilhões, menos do que as projeções de Wall Street, enquanto a base de funcionários da empresa aumentou 5%, chegando a mais de 1,53 milhão de pessoas.
O forte desempenho da computação em nuvem foi compensado pela fraqueza do principal negócio de e-commerce da Amazon. A receita dos serviços de vendas e publicidade, por sua vez, ficou abaixo das estimativas.
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