Além do nicho: títulos de catástrofe atraem mais investidores após retornos de 20%

Interesse do mercado vem crescendo à medida que mudanças climáticas e desenvolvimento urbano redesenham o mapa dos seguros. Emissão geral para 2024 deve alcançar um recorde de US$ 16,5 bilhões

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Bloomberg — Após emergir de uma temporada de furacões excepcionalmente ativa e com retornos superiores aos do mercado, os títulos de catástrofe estão rapidamente atraindo novos investidores.

Apesar do acirramento dos climas extremos — 2024 marcou o nono ano consecutivo em que a bacia do Atlântico sofreu uma atividade de tempestades acima da média — os títulos de catástrofe demonstraram alta resiliência. Este ano, eles estão a caminho de ter um retorno cerca de 16%, após atingir um recorde de 20% em 2023.

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“Tivemos dois anos fantásticos”, disse Dirk Schmelzer, gestor sênior na Plenum, uma empresa com sede em Zurique, especializada em títulos vinculados a seguros. E isso “atraiu dinheiro novo”, acrescentou Dirk.

A Plenum estima que o volume de títulos de catástrofe em fundos comercializados sob o rótulo UCITs, da Europa, aumentou cerca de 49% desde o final de 2022, atingindo US$ 13 bilhões em setembro. Isso porque a emissão geral para 2024 deve alcançar um recorde de US$ 16,5 bilhões, de acordo com a Artemis, que rastreia o mercado de títulos vinculados a seguros.

Repasse de riscos

As seguradoras emitem os títulos para repassar os riscos associados a desastres naturais extremos para os mercados de capitais. Os investidores são, então, chamados a cobrir perdas se uma catástrofe pré-definida ocorrer, mas podem ser amplamente recompensados se isso não acontecer.

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O interesse por esses títulos vem crescendo à medida que as mudanças climáticas e o desenvolvimento urbano redesenham o mapa dos seguros. A Artemis estima que o mercado total de títulos de catástrofe (títulos cat) agora vale cerca de US$ 48 bilhões, incluindo transações de mercado privado.

Schmelzer disse que as principais razões pelas quais os retornos não estão tão altos quanto em 2023 são o declínio nas taxas do Tesouro e o aumento na demanda dos investidores, o que permite que os emissores precifiquem seus títulos em termos ligeiramente melhores.

“Isso automaticamente coloca um pouco de pressão sobre os spreads dos títulos cat”, disse ele em entrevista. Os rendimentos caíram de quase 14% no fim de maio para cerca de 10,3% no fim de novembro, segundo a Plenum.

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Schmelzer afirmou que os investidores devem esperar “retornos altos de um dígito a baixos de dois dígitos” em 2025, a menos que haja um grande choque no mercado.

A Plenum informou que seu fundo defensivo de títulos de catástrofe UCITs, que possui cerca de US$ 400 milhões em ativos, gerou um retorno de 12% até agora em 2024. Seu fundo dinâmico, com cerca de US$ 210 milhões em ativos, ganhou cerca de 15%.

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