Airbnb vê reservas dobrarem no Brasil e aumento de demanda na América Latina

Receita da companhia cresceu 17% no 4º tri para US$ 2,22 bi, superando projeções; CEO Brian Chesky vê mercados fora dos EUA como uma das maiores oportunidades de crescimento

Companhia projeta receita entre US$ 2,03 bi a US$ 2,07 bi para o 1º trimestre deste ano
Por Natalie Lung
14 de Fevereiro, 2024 | 12:25 PM

Bloomberg — O Airbnb (ABNB) encerrou 2023 mais forte do que os analistas esperavam e deu uma perspectiva otimista para o início deste ano, impulsionada pelo crescimento nos mercados internacionais e sugerindo que o boom das viagens pós-pandêmicas ainda não acabou.

A projeção é de que a receita para os três meses até março seja de US$ 2,03 bilhões a US$ 2,07 bilhões, superando a estimativa média dos analistas de US$ 2,02 bilhões.

No entanto, o número de noites e experiências reservadas deverá ser moderado em comparação com o quarto trimestre, devido a uma taxa de crescimento particularmente forte há um ano, disse a empresa de compartilhamento de residências na terça-feira (13) em uma carta aos acionistas.

“A demanda dos hóspedes continua forte – principalmente entre os que reservam pela primeira vez”, disse o Airbnb na carta.

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A empresa havia alertado em novembro que estava vendo uma “maior volatilidade” global no início do último trimestre, devido a questões econômicas e geopolíticas. Em seguida, contudo, as reservas aceleraram para o restante do ano.

Os resultados do Airbnb sugerem que ainda há uma demanda reprimida por viagens, especialmente em regiões que foram mais lentas para voltar à vida normal após as restrições impostas pela pandemia de covid-19.

Companhias aéreas, hotéis e outras empresas de viagens, incluindo o Airbnb, tiveram uma demanda recorde durante o verão no hemisfério norte, com as pessoas dispostas a pagar altas tarifas de voos e hospedagem para cumprir seus itinerários perdidos durante a pandemia.

A receita no quarto trimestre aumentou 17% para US$ 2,22 bilhões, superando a estimativa média dos analistas de US$ 2,16 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O número de noites e experiências reservadas aumentou 12% para 98,8 milhões, também superando as expectativas de cerca de 11% de crescimento. O Airbnb disse que os resultados foram impulsionados por um “aumento modesto” na taxa média diária e uma taxa de câmbio favorável.

O CEO Brian Chesky vê mercados fora dos Estados Unidos como uma das maiores oportunidades de crescimento do Airbnb, e a empresa planeja aumentar sua presença em cerca de 12 países, como Suíça, Bélgica e Holanda nos próximos anos.

Principais destaques

O Airbnb vem trabalhando para adaptar seu aplicativo ao mercado local e aumentar a visibilidade para atrair tráfego, e está começando a colher os frutos desses esforços.

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As noites reservadas no Brasil quase dobraram em comparação com o mesmo período pré-pandêmico de 2019, disse a empresa. A região Ásia-Pacífico foi uma das últimas a emergir dos bloqueios da covid e as viagens internacionais estão continuando a se recuperar por lá.

As noites e experiências reservadas aumentaram 22% na região em relação ao ano anterior e a América Latina teve um crescimento semelhante.

O Airbnb disse estar “particularmente animado para os Jogos Olímpicos de Paris 2024”. Já houve um aumento na oferta e demanda e o número atual de noites em Paris durante o verão é mais que o dobro do que era há um ano. A empresa disse que espera hospedar meio milhão de pessoas na Cidade das Luzes.

Executivo vê mercados fora dos EUA como uma das maiores oportunidades de crescimento

A empresa divulgou uma perda líquida inesperada de US$ 349 milhões no quarto trimestre, devido a despesas não recorrentes de retenção de impostos e reservas de impostos de hospedagem de cerca de US$ 1 bilhão, como resultado de uma lei tributária italiana de 2017 que a empresa contestou e posteriormente resolveu em dezembro passado. Excluindo isso, o lucro líquido ajustado foi de US$ 489 milhões.

O Airbnb, que abriu capital em 2020, também anunciou um novo programa de recompra de ações para recomprar até US$ 6 bilhões de papéis da empresa.

As ações subiram 31% nos últimos 12 meses e fecharam segunda-feira (12) com seu preço mais alto em quase dois anos.

“Ponto de inflexão”

Os resultados do Airbnb contrastam com os da Expedia (EXPE), empresa proprietária do site de aluguel de férias Vrbo. Na semana passada, a Expedia divulgou uma perspectiva de reservas brutas no trimestre atual que decepcionou os investidores, fazendo com que suas ações tivessem a maior queda em quase quatro anos.

Em dezembro, o Airbnb promoveu o diretor financeiro Dave Stephenson ao cargo de diretor de negócios dedicado a planos de crescimento de longo prazo, que incluem expansão internacional.

A nomeação marcou um ponto de inflexão para a empresa, pois estava prestes a embarcar em seu “próximo capítulo”, disse Chesky na época. Ele passou o último ano aperfeiçoando as ofertas da empresa para tornar as listagens mais acessíveis e confiáveis para os hóspedes e incentivar mais pessoas a se hospedarem.

Agora, Chesky disse que está pronto para “expandir além do nosso core business e reinventar o Airbnb”. Será uma “jornada gradual de vários anos”, e ele disse que dará mais detalhes sobre isso ainda este ano.

Com o crescimento geral se estabilizando em um ritmo mais moderado, Wall Street está ansiosa para ouvir da empresa sobre seus planos para reacelerar o crescimento por meio da ativação de novas fontes de receita e aumento do engajamento dos usuários.

Chesky insinuou que as novas empreitadas incluiriam integrações adicionais de inteligência artificial e serviços de terceiros em seus produtos, o que permitiria recomendações de viagem mais personalizadas para os hóspedes e melhor experiência do usuário para os anfitriões.

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