Airbnb reduz previsão de crescimento em alerta para o setor de turismo

Plataforma de viagens disse que a demanda de clientes por viagens nos EUA, um dos maiores mercados globais, está em desaceleração; ações caíram 13% na quarta-feira (7)

The logos of Airbnb Inc. sit on banners displayed outside a media event in Johannesburg, South Africa, on Monday, July 27, 2015. Airbnb is hoping to spread its unique brand of hospitality throughout Africa. Photographer: Waldo Swiegers/Bloomberg
Por Natalie Lung
08 de Agosto, 2024 | 09:47 AM

Bloomberg — As ações do Airbnb (ABNB) sofreram a maior queda em quase dois anos, depois que a empresa divulgou novamente um guidance considerado fraco por analistas e alertou sobre a desaceleração da demanda dos turistas dos Estados Unidos.

As reservas aumentaram 8,7% no segundo trimestre, para 125,1 milhões, abaixo das estimativas de analistas.

E o Airbnb disse que espera uma “moderação sequencial” do crescimento das reservas também no terceiro trimestre, o que sinaliza que os resultados decepcionarão os analistas que haviam projetado um ganho de 11% em meio à alta temporada de viagens de verão no hemisfério norte.

Leia também: De chef particular a spa: Airbnb planeja novos serviços para ampliar demanda

PUBLICIDADE

Este é o terceiro trimestre consecutivo que o Airbnb oferece uma previsão aquém do esperado pelos investidores. A última perspectiva de reservas da empresa a coloca em um ritmo de crescimento mais lento desde 2020.

Mesmo com o recuo da pandemia, os ventos contrários perseguiram o setor de turismo em geral.

Na semana passada, o Booking (BKNG) deu um guidance pior do que o esperado, culpando uma “leve moderação” no mercado de viagens europeu e consumidores que estão optando por hotéis com menos estrelas e estadias mais curtas, principalmente nos EUA.

As ações do Airbnb caíram 13,4% na quarta-feira (7), encerrando o pregão a US$ 113,01 – a maior queda desde 2 de novembro de 2022.

A baixa eliminou US$ 11,2 bilhões em valor de mercado, resultando em uma queda cumulativa de US$ 3,5 bilhões no patrimônio líquido do trio de fundadores do Airbnb.

O guidance do Airbnb “provavelmente só alimentará ainda mais a tese do consumidor fraco”, disseram os analistas da RBC Capital Markets, liderados por Brad Erickson, em uma nota, chamando o balanço da empresa de “decepcionante”.

O Airbnb disse, por sua vez, que tem visto “prazos de reserva mais curtos em todo o mundo e alguns sinais de desaceleração da demanda dos hóspedes dos EUA”. A América Latina e a região da Ásia-Pacífico continuam sendo seus locais de crescimento mais rápido, acrescentou a empresa.

PUBLICIDADE

Para o trimestre atual, a previsão da companhia é de uma receita de US$ 3,67 bilhões a US$ 3,73 bilhões, abaixo do consenso dos analistas de US$ 3,84 bilhões. A empresa citou desafios com as taxas de câmbio de moeda estrangeira.

Os ganhos de reservas do Airbnb desaceleraram desde o boom pós-pandemia

A receita do segundo trimestre superou as estimativas, saltando 11% para US$ 2,75 bilhões. Mas o aumento de 8,7% nas noites reservadas ficou aquém da estimativa de 9,8%.

Especializado em casas compartilhadas e aluguéis de férias, o Airbnb observou uma ligeira aceleração no crescimento das noites reservadas na América do Norte no segundo trimestre. A empresa destacou a semana de 4 de julho como a “semana de maior receita de todos os tempos” na região.

Destaque ainda para os ganhos fortes com viagens de grandes grupos, depois de a empresa aprimorar seus materiais de marketing nos EUA para convencer mais grupos a escolherem casas com vários quartos em vez de quartos de hotel.

Leia mais: Por que proibir o Airbnb e o aluguel de curto prazo não resolve a crise de moradia

As noites reservadas para grupos de mais de cinco pessoas aumentaram 16% e foram o segmento de crescimento mais rápido na região pelo quinto trimestre, disse o Airbnb.

Viagens internacionais e marketing

A recuperação contínua das viagens internacionais tem sido um ponto positivo para o Airbnb e para o setor em geral.

Mas a empresa disse que a mais do que duplicação das noites reservadas em Paris durante os Jogos Olímpicos no segundo trimestre fez uma contribuição “relativamente pequena” para os negócios na Europa, Oriente Médio e África.

A empresa tem investido mais em mercados menos maduros no exterior, incluindo a introdução de estadias de edição limitada inspiradas em ícones culturais locais.

Isso provavelmente pesará sobre as margens no curto prazo: o Airbnb espera que as despesas de marketing cresçam mais rapidamente do que a receita no terceiro trimestre, em parte devido aos investimentos em novos mercados em crescimento.

  A receita do Airbnb superou as expectativas, mas as reservas ficaram aquém do esperado

Vários analistas observaram a possível redução das margens: “Aumentar os gastos com marketing em um momento em que a demanda está diminuindo tende a ser o maior fator de desestabilização para uma companhia listada, segundo nossa experiência”, disse o RBC em uma nota.

O CEO Brian Chesky aparentemente reconheceu a queda recorde das ações em um post no X, a plataforma de mídia social anteriormente conhecida como Twitter. “Estou confiante de que este é um bom momento para comprar”, escreveu ele.

Chesky disse que a empresa que ele co-fundou em 2007 está pronta para se expandir além de suas ofertas principais.

Ele passou o ano passado refinando a plataforma para tornar os anúncios mais confiáveis e acessíveis para os hóspedes e para incentivar mais pessoas a se inscreverem como anfitriões.

Esse trabalho tem dado resultados. O número de anúncios ativos no Airbnb ultrapassou 8 milhões no segundo trimestre, mesmo quando a empresa tomou medidas para remover mais de 200.000 anúncios de baixa qualidade.

Chesky disse que a empresa espera atrair mais inventário com a introdução de um novo mercado de co-hospedagem em outubro.

O mercado combinaria pessoas que têm casas — mas não têm tempo para hospedar — com aquelas que têm tempo, mas não têm uma propriedade.

O Airbnb também relançará seu negócio de Experiências para passeios, aulas e workshops no próximo ano, disse ele, com ênfase em melhor marketing e acessibilidade.

A empresa facilitará ainda a descoberta desse recurso no aplicativo.

Outros executivos sinalizaram novos serviços relacionados a hóspedes nos últimos meses. O diretor de negócios, Dave Stephenson, sinalizou que os novos serviços previstos para o próximo ano poderiam incluir comodidades de luxo, como chefs pessoais, limpeza no meio da semana e massagens em casa.

Chesky também disse que compartilhará mais detalhes sobre o uso da inteligência artificial pela empresa no final do ano.

Veja mais em Bloomberg.com