Bloomberg Línea — A cerimônia anual do Oscar neste domingo (2) pode selar um feito histórico para a equipe de Ainda Estou Aqui, indicado a três categorias-chaves (Filme do Ano, Atriz e Filme Estrangeiro) após o trabalho da Sony Pictures na distribuição no Brasil desde a estreia no Festival de Veneza em setembro. A obra representa ainda uma aposta certeira e lucrativa do Grupo Globo, maior conglomerado de mídia do Brasil.
O longa-metragem foi o primeiro produzido exclusivamente para o Globoplay, a plataforma de streaming do grupo da família Marinho.
O grupo com sede no Rio de Janeiro busca manter sua hegemonia na indústria do audiovisual, em meio a mudanças de hábitos com a internet no consumo de conteúdo e maior disputa pelas verbas publicitárias.
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Apresentado como o primeiro “Original Globoplay”, o filme tem a quinta maior bilheteria da história do cinema brasileiro, segundo a Sony, com potencial de subir no ranking depois da repercussão após a noite do Oscar.
A produção arrecadou R$ 106,5 milhões e já foi visto por 5,26 milhões de espectadores desde a estreia no país em novembro até a última quinta-feira (27), segundo a Comscore, empresa de medição de audiência digital
A distribuidora disse à Bloomberg Línea que a demanda continua em alta para assistir o longa em 724 salas de 583 cinemas espalhados pelo país. Ainda Estou Aqui está em sua 17ª semana em cartaz.
Diante da demanda, a Globoplay ainda não definiu a data de estreia na plataforma de streaming. Os anúncios das principais estatuetas douradas são aguardados para o início da madrugada de segunda-feira (3).
O valor do orçamento do longa não contou com divulgação oficial, sob justificativa de ter sido investimento privado, sem uso de recursos públicos.
O IMDb, plataforma global sobre o setor, apontou um valor de US$ 1,5 milhão, que foi negado pela produção do filme. Entre as 10 produções que disputam a categoria Melhor Filme, o mais caro é Duna - Parte 2 (US$ 190 milhões).
Com fama mundial pela oferta de novelas que duram até mais de seis meses, o grupo Globo já atuava na indústria cinematográfica por meio da Globo Filmes, em parceria com produtoras independentes.
A aposta no streaming começou há 15 anos com o lançamento do Globoplay, que enfrenta uma concorrência acirrada no mercado de vídeo sob demanda com players americanos como Netflix, Prime Vídeo (da Amazon), Disney Plus e Max (da Warner).
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A disputa por um Oscar inédito coincide com o ano em que a família Marinho celebra 100 anos de fundação do seu primeiro veículo, o jornal impresso O Globo, 60 anos do canal de TV e 15 anos da plataforma de streaming.
Seus concorrentes locais na TV aberta apostaram na internet anos depois. O SBT, cujo fundador, Silvio Santos, morreu no ano passado, lançou seu streaming no ano passado, sem adotar modelo de assinatura.
Com o trunfo do sucesso internacional de Ainda Estou Aqui, o Globoplay entra na rota internacional do mercado de streaming, enquanto o canal de TV aberta busca faturar com a exibição da cerimônia do Oscar.
É um momento em que o grupo busca se adaptar aos novos hábitos do público de consumo de conteúdo e maior disputa por verbas publicitárias com uma infinidade de canais em redes como YouTube, TikTok e Instagram.
Apple (AAPL), Ambev (ABEV3) e Itaú Unibanco (ITUB4) compraram cotas de patrocínio para a exibição do Oscar, garantindo pelo menos R$ 17 milhões à Globo, informou o jornal Folha de S.Paulo.
A 97ª edição dos Academy Awards, a ser realizada no Dolby Theatre, em Los Angeles, terá ainda exibição nos canais pagos TNT e Max.
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