Bloomberg — O Agibank, fintech brasileira de capital fechado, triplicou o lucro durante o primeiro semestre do ano, período em que também expandiu a sua carteira de crédito diante da queda da inadimplência.
O banco, que mistura uma plataforma digital com “smart hubs” físicos que auxiliam os clientes em suas necessidades financeiras, registrou lucro líquido de R$ 440,5 milhões nos primeiros seis meses do ano, sobre uma receita de R$ 3,42 bilhões, de acordo com um relatório.
O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 47,2% e os clientes ativos cresceram para 3,2 milhões.
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Diferentemente do Nubank, que tem como alvo clientes jovens e com experiência em tecnologia no Brasil, o cliente médio do Agibank tem mais de 40 anos, mora fora das grandes capitais e tem um salário ou benefício recorrente caindo em suas contas todos os meses.
Isso significa que 80% dos seus R$ 19,1 bilhões em empréstimos estão garantidos e o financiamento da folha de pagamento é uma grande parte do negócio, disse o fundador e presidente do conselho Marciano Testa em entrevista à Bloomberg News.
“Nós construímos a nossa estratégia para endereçar e cobrir esse espaço em branco” entre os bancos tradicionais e os digitais, disse Testa. “Essa plataforma híbrida tem como missão promover acesso ao Brasil de verdade, ao Brasil Popular e ao grande Brasil fora do eixo Rio-São Paulo ou das grandes metrópoles.”
Embora Testa tenha iniciado um negócio de crédito já em 2000, a atual iteração do Agibank começou em 2020. Naquele ano, a empresa de private equity Vinci Partners Investments pagou R$ 420 milhões por uma participação acionária e continua sendo o único investidor externo.
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O Agibank, nomeado pela necessidade de ser “ágil”, planeja aumentar sua rede de hubs inteligentes para 2.500, dos atuais 1.000 até 2030, e quadruplicar os ativos renumerados para R$ 100 bilhões, segundo Testa.
Os hubs custam, em média, cerca de 95% menos do que uma agência bancária tradicional e permitem que os clientes tenham acesso a Wi-Fi gratuito e obtenham ajuda de consultores, incluindo onboarding.
O banco, que obteve licença em 2017, emitiu centenas de milhões de reais em títulos de dívida locais e recentemente recebeu um “upgrade” de rating por agências. Agora, o Agibank considera sua primeira venda internacional de títulos em dólares, que pode chegar a cerca de US$ 300 milhões, disse Testa.
O timing depende de quando o Federal Reserve, o banco central dos EUA, irá iniciar o processo de corte dos juros.
Quando questionado sobre uma eventual oferta pública inicial de ações, Testa disse que “não temos pressa”.
Este ano, o Agibank assinou acordos de financiamento com grandes bancos internacionais, incluindo o Citigroup (C), num total de US$ 15,4 bilhões e está em negociações para um terceiro acordo.
O Agibank desenvolveu soluções próprias de inteligência artificial para subscrição e análise de crédito. Isso, juntamente com mais de duas décadas de experiência em empréstimos, ajudou-o a obter taxas de inadimplência mais baixas do que os concorrentes, de acordo com Testa.
Cerca de 3,3% de seus empréstimos de 90 dias ou mais estavam vencidos em comparação com cerca de 6%, em média, dos bancos no Brasil, disse ele.
A carteira de crédito do Agibank cresceu 53% no primeiro semestre de 2024. Testa disse que espera que a receita anual se aproxime de R$ 7 bilhões.
Cerca de 80% dos seus 4.300 funcionários trabalham em “smart hubs”, com o restante distribuído entre funções corporativas, tecnologia e produtos no campus do Agibank nos arredores de Campinas.
A localização, a cerca de 95 quilômetros de São Paulo, permite à empresa explorar talentos de engenharia de universidades próximas e atrair executivos para longe do infame engarrafamento da megacidade.
“A gente está conseguindo atrair muito executivo experiente de São Paulo, que quer se mover para uma qualidade de vida melhor,” disse Testa. “A nossa tese está funcionando.”
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