Agenda de inovação do Banco Central continua com Galípolo, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central, no cargo desde o começo de 2019, disse em evento nesta segunda (4) que a instituição adquiriu uma agenda própria de inovação - ‘isso está dado’, afirmou

Roberto Campos Neto
Por Marcos Bonfim
05 de Novembro, 2024 | 09:23 AM

Bloomberg Línea — O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a agenda de inovação da instituição deve continuar na gestão do seu sucessor, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária. Campos Neto encerra o seu mandato de seis anos no próximo dia 31 de dezembro.

Primeiro presidente sob o regime de autonomia do Banco Central, instituído no governo de Jair Bolsonaro, o economista disse que a instituição tem uma agenda própria de inovação que já vem “há bastante tempo”.

“Eu tenho certeza que o Gabriel vai criar ideias ao longo da sua gestão e vai imprimir as suas ideias, mas eu acho que isso está dado, nós vamos inovar. E eu vejo cada vez mais, desde o processo de autonomia, que a gente empodera mais as equipes do Banco Central”, afirmou Campos Neto.

O presidente do Banco Central participou de um painel com Fábio Coelho, CEO do Google para o Brasil, em São Paulo nesta segunda-feira (4).

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No evento, a empresa de tecnologia apresentou a funcionalidade de pagamento do Pix via aproximação, modalidade disponível inicialmente para clientes do C6 Bank e do PicPay e, em breve, do Itaú.

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Campos Neto disse que é natural que cada gestor “imprima o seu ritmo e direcionamento”, mas não prevê riscos ao desenvolvimento de novas tecnologias.

Em resposta a uma questão do CEO do Google, ele usou uma analogia que atribuiu a Ilan Goldfajn, seu antecessor na presidência do Banco Central e atual presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“Eu sempre digo uma coisa que o Ilan falava muito, que estamos em uma corrida de bastão. Então, no Banco Central, você pega o bastão, corre, e entrega o bastão para o próximo e torce para ele correr mais rápido que você”, disse.

Essa visão de continuidade, de acordo com ele, será fundamental para a próxima fase da pauta de inovação financeira no país, com a conexão entre o Pix, o Open Finance (compartilhamento de dados), o Drex (projeto de moeda digital do Banco Central) e a internacionalização do Pix.

“Isso já está acontecendo. Eu não vejo esse movimento sendo interrompido.”

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Leia mais: Pix completa dois anos e é o meio de pagamento mais usado no Brasil

No comando do BC desde fevereiro de 2019, Campos impulsionou a agenda do Pix - em desenvolvimento desde a gestão anterior -, que se tornou o meio de pagamento líder em volume de transações no mercado brasileiro e um benchmark mundial em transferências instantâneas.

O Pix, lançado em novembro de 2020, continua a apresentar crescimento meteórico em termos de adesão e volumes.

Nos primeiros seis meses deste ano, o volume de transações via Pix totalizou 29 bilhões, o que representou uma alta de 61% em relação ao mesmo período de 2023.

Para efeito de comparação, as transações com cartões de crédito, de débito, pré-pago, boleto, TED e cheque, somadas, encerraram o período em 24,2 bilhões.

Os dados são de um levantamento da Febraban, que usou como base informações do Banco Central e da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços).

Campos reforçou ainda a aposta em inovações como o Open Finance e o Drex, o projeto de Real Digital anunciado em 2023 e previsto para ser lançado em 2025.

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Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark