Adnoc e OMV chegam a acordo para formar potência de US$ 60 bi no setor químico

Principais empresas petrolíferas dos Emirados Árabes Unidos e da Áustria concordaram em criar uma gigante do setor, que esperam que cresça em negócios com a transição energética

A Adnoc e a OMV deterão, cada uma, 47% da nova empresa, que se chamará Borouge Group International (Foto: Akos Stiller/Bloomberg)
Por Marton Eder - Anthony Di Paola - Jonathan Tirone
04 de Março, 2025 | 09:22 AM

Bloomberg — As principais empresas petrolíferas dos Emirados Árabes Unidos e da Áustria concordaram com os termos para criar um gigante do setor de produtos químicos avaliado em mais de US$ 60 bilhões. O negócio reforça suas posições em um setor que, segundo esperam, continuará a crescer com a transição energética.

A Abu Dhabi National Oil e a OMV farão a fusão de suas unidades Borealis com a Borouge, listada em Abu Dhabi, encerrando quase dois anos de negociações.

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O acordo, um dos maiores globalmente nos últimos anos, também incluirá a compra conjunta da Nova Chemicals do fundo soberano de Abu Dhabi Mubadala por US$ 13,4 bilhões, incluindo dívidas, disse a Adnoc em um comunicado.

O acordo é a última grande investida da Adnoc em produtos químicos, depois de ter concordado em comprar a Covestro, da Alemanha, no ano passado por quase US$ 13 bilhões, a maior aquisição de uma empresa europeia pelo Oriente Médio na época.

Embora a posse de uma fatia do setor garanta clientes prontos para o petróleo bruto e o gás natural da Adnoc, a empresa também vê a demanda por produtos químicos, como plásticos, continuar a se expandir, mesmo com os riscos da mudança climática desacelerando o crescimento de outros combustíveis, como a gasolina.

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“Criaremos uma nova potência do setor”, disse o CEO da Adnoc, Sultan Al Jaber, no comunicado. Com o novo negócio, os parceiros “buscarão atender à crescente demanda global por produtos químicos, ao mesmo tempo em que impulsionam a criação de valor”.

A Bloomberg informou pela primeira vez em julho de 2023 que a OMV, sediada na Áustria, e a Adnoc, de Abu Dhabi, estavam em negociações sobre a fusão das unidades. Mas as disputas sobre contribuições em dinheiro e onde a empresa seria sediada impediram um acordo.

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Enquanto isso, a inércia política na Áustria aumentou a incerteza, com o governo de Viena relutante em aprovar uma transação importante antes das eleições federais. Christian Stocker foi empossado como chanceler na segunda-feira (3), após cinco meses de negociações de coalizão.

‘Jogada estratégica’

O acordo foi bem recebido pela agência de patrimônio estatal da Áustria, OeBAG, que detém dois assentos no conselho de supervisão da OMV como gestora da participação acionária de 31,5% do Estado. A fusão é “uma notícia muito boa para a economia da Áustria”, disse a diretora administrativa da OeBAG, Edith Hlawati.

“Esse é um movimento estratégico que nos posiciona como uma verdadeira potência global de poliolefinas”, disse o CEO da OMV, Alfred Stern. A fusão dá à empresa acesso a matérias-primas mais baratas e a mercados de maior crescimento, ao mesmo tempo em que reduz a pegada de emissões da OMV, disse ele.

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As ações da empresa perderam os ganhos iniciais, caindo até 1% nas negociações em Viena.

A Adnoc e a OMV deterão, cada uma, 47% da nova empresa, que se chamará Borouge Group International. O free float pode aumentar ainda mais a partir de 6% com um aumento de capital de US$ 4 bilhões destinado a financiar a compra da Nova Chemicals, da qual nem a OMV nem a Adnoc participarão.

Após a conclusão do negócio, a Adnoc transferirá sua participação para sua nova unidade de investimento internacional, a XRG.

A entidade resultante da fusão será listada em Abu Dhabi e terá sede na Áustria. A OMV disse em uma declaração separada que fará uma injeção de capital de 1,6 bilhão de euros (US$ 1,7 bilhão) no empreendimento, e há planos para uma futura listagem em Viena.

A entidade combinada está se comprometendo a pagar 90% dos lucros aos investidores, e Stern espera que pelo menos US$ 1 bilhão por ano seja destinado aos investidores da OMV. Esse pagamento é fundamental para o novo governo da Áustria, que está procurando novas fontes de receita para cobrir seu déficit orçamentário.

Stern, da OMV, disse que o empreendimento “buscará oportunidades significativas de crescimento orgânico”. As declarações de ambas as empresas não forneceram mais detalhes sobre possíveis aquisições além do acordo com a Nova Chemicals.

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