Bloomberg — A gigante de petróleo Chevron, sediada na Califórnia desde os tempos dos lampiões de querosene, vai mudar sua sede para o Texas depois de anos de luta contra as autoridades do estado por causa de políticas ambientais rígidas e regulamentações onerosas.
A mudança, anunciada nesta sexta-feira (2), encerrará o período de 145 anos pelo qual a empresa manteve sua sede no estado mais populoso dos Estados Unidos.
A decisão da companhia levou o governador do Texas, Greg Abbott, a dar as boas-vindas à Chevron em sua “verdadeira casa”, enquanto um porta-voz do governador da Califórnia, Gavin Newsom, minimizou o fato como uma “consequência lógica” de uma longa transição da gigante do petróleo.
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A Chevron já havia cortado novos investimentos no refino da Califórnia, citando políticas governamentais “adversas” em um estado que tem algumas das regras ambientais mais rigorosas dos EUA.
Em janeiro, o executivo da unidade de refino Andy Walz alertou que o estado estava entrando em um “jogo perigoso” com as regras climáticas que ameaçavam aumentar os preços da gasolina.
O CEO Mike Wirth rebateu as sugestões de que a mudança da sede está sendo motivada pela política, dizendo que “é realmente para estar mais perto do epicentro do nosso setor”.
“Tivemos algumas diferenças políticas com a Califórnia”, disse Wirth em uma entrevista à Bloomberg Television. “Mas não se trata de uma mudança política. É uma decisão sobre o que é bom para a concorrência e o desempenho de nossa empresa.”
O anúncio foi feito no momento em que a Chevron divulgou resultados decepcionantes no segundo trimestre e detalhou uma mudança na liderança sênior, aparentemente com o objetivo de melhorar os resultados.
O Texas abriga uma vasta rede de recursos essenciais para os negócios da Chevron, desde fornecedores de equipamentos até universidades que a empresa utiliza para pesquisa e recrutamento de talentos, observou Wirth.
"Houston é a capital mundial da energia", disse ele. "É um lugar natural para as empresas do nosso setor terem seu escritório central e sua sede."
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A Chevron se junta a uma longa lista de empresas da Califórnia, que inclui Oracle, Hewlett Packard Enterprise e Tesla, que se mudaram para o Texas.
Embora a migração das empresas de tecnologia do Vale do Silício tenha sido em grande parte motivada por considerações fiscais e de custo de vida, a Chevron tem estado em desacordo com os líderes estaduais em relação às regras cada vez mais rígidas sobre combustíveis fósseis.
Newsom se candidatou à reeleição em 2022 prometendo travar uma guerra contra as grandes petrolíferas, convocando uma sessão legislativa especial e pedindo aos legisladores que impusessem um imposto de “manipulação de preços” às empresas do setor.
Posteriormente, a medida foi repassada para uma força-tarefa que estudaria as margens de lucro excessivas.
“Esse anúncio é a consequência lógica de um longo processo que foi repetidamente prenunciado pela Chevron”, escreveu Alex Stack, porta-voz do governador, em um comunicado. “Estamos orgulhosos da posição da Califórnia como líder na criação de empregos na área de energia limpa - uma parte essencial de nossa economia diversificada, inovadora e vibrante.”
Wirth, o CEO da Chevron, tem exaltado as virtudes do ambiente de negócios do Texas há pelo menos meia década.
"As políticas na Califórnia se tornaram bastante restritivas em muitas frentes de negócios, não apenas no meio ambiente", disse ele durante um discurso em Houston em 2019.
Veículos elétricos, energias renováveis
Há muito tempo, a Califórnia é um local incongruente para a sede de uma empresa petrolífera. O estado foi pioneira na redução das emissões de gases de escapamento na década de 1960 e adotou medidas climáticas abrangentes, incluindo uma meta para que a Califórnia zere as emissões líquidas até 2045, cinco anos antes dos EUA como um todo.
As frequentes secas e incêndios florestais significam que o estado já está sofrendo os efeitos catastróficos da mudança climática.
A Califórnia é responsável por mais de um terço das vendas de veículos elétricos do país. E quase todo o diesel renovável dos Estados Unidos, feito de óleo vegetal e gorduras naturais, é consumido na Califórnia.
A Califórnia já desempenhou um papel importante no setor de petróleo dos EUA, mas a produção vem caindo na maior parte das últimas quatro décadas, enquanto estados ricos em xisto, como o Texas e o Novo México, viram a produção de petróleo crescer.
“Levar empregos e empregadores para fora da Califórnia não é uma forma de administrar a economia”, disse Jim Wunderman, presidente e CEO do Bay Area Council, um grupo empresarial. “É uma vergonha.”
A tributação menor, a regulamentação favorável aos negócios e o custo de vida relativamente baixo fizeram do Texas o destino mais desejável para as empresas que se mudaram na última década, informou o Federal Reserve Bank de Dallas em fevereiro.
O estado registrou uma migração líquida de 7.232 empresas e um acréscimo de quase 103.000 empregos entre 2010 e 2019.
A Chevron já tem cerca de 7.000 funcionários na região de Houston, em comparação com cerca de 2.000 em San Ramon, na Califórnia.
"Temos uma grande presença comercial no Texas, que agora é maior do que nossa presença comercial na Califórnia", disse Wirth. "Por muitos e muitos anos, esse não foi o caso. A Califórnia era o nosso lar, era o nosso local de nascimento."
-- Com a ajuda de Ruth Liao, Alix Steel e Mitchell Ferman.
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