Bloomberg — O fundador e ex-CEO da WeWork Adam Neumann está se juntando a gestoras de investimento, como a Third Point, de Dan Loeb, para fazer uma oferta para comprá-la de volta, de acordo com uma carta enviada aos advogados da companhia e vista pela Bloomberg News.
Neumann e a Third Point têm tentado obter informações da WeWork necessárias para formular uma oferta desde dezembro, de acordo com a carta. Mais recentemente, eles trabalharam para montar um pacote de financiamento em meio ao pedido de recuperação judicial da empresa de coworking nos Estados Unidos.
Afastado da WeWork desde 2019, quando renunciou ao cargo de CEO, Neumann lidera a Flow, uma startup do ramo imobiliário que recebeu US$ 350 milhões em um aporte feito pela gestora Andreessen Horowitz em agosto de 2022.
O executivo foi pressionado por investidores a deixar a liderança da WeWork após a companhia não conseguir emplacar um IPO, em grande parte por causa da preocupação sobre o modelo de negócios e a falta de transparência e de governança corporativa de maneira geral.
Segundo o jormal Wall Street Journal, Neumann garantiu na época, um pacote de saída que incluía US$ 245 milhões em ações e mais US$ 200 milhões em dinheiro.
A notícia é mais um capítulo na novela envolvendo a WeWork, companhia que se tornou uma potência imobiliária que chegou a ser avaliada em US$ 47 bilhões em seu pico em janeiro de 2019. No momento em que entrou com pedido de recuperação judicial, a WeWork valia US$ 45 milhões.
Proteção no Chapter 11 em 2023
Em novembro passado, a WeWork entrou com um pedido de concordata pelo Chapter 11 da Justiça dos Estados Unidos, reportando quase US$ 19 bilhões em dívidas.
A empresa com sede em Nova York disse que havia chegado a um acordo de reestruturação de dívida com credores que representavam cerca de 92% de suas notas garantidas e que simplificaria seu portfólio de aluguel de espaço de escritório, de acordo com um comunicado.
O pedido de concordata pelo Chapter 11, figura jurídica equivalente à recuperação judicial no Brasil, listou ativos de US$ 15 bilhões.
A ruína da empresa começou em 2019. Em questão de meses, a empresa deixou de lado seus planos de um IPO bilionário diante da descoberta de fragilidades operacionais e, principalmente, de governança, para posteriormente ter que demitir milhares de pessoas e buscar um resgate de vários bilhões de dólares de seus principais investidores, entre eles o SoftBank.
Embora a WeWork tenha chegado a um acordo de reestruturação de dívidas no início de 2023, ela voltou rapidamente a ter problemas financeiros. Em agosto, disse que havia “dúvidas substanciais” sobre sua capacidade de continuar a operar. Semanas depois, informou que renegociaria quase todos os seus contratos de locação e leasing e se retiraria de locais com “baixo desempenho”.
A presença imobiliária da WeWork se estendia por 777 estabelecimentos em 39 países em 30 de junho, com ocupação próxima aos níveis de 2019. Mas a empresa continuava não sendo lucrativa.
Na América Latina, a operação da WeWork funciona com independência e governança própria em relação à empresa nos EUA, em um modelo de joint venture com o SoftBank.
-- Com informações da Bloomberg Línea.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
UBS pode abrir mão do crescimento em busca de retorno mais alto, diz CEO
Blackstone considera fazer oferta pela L’Occitane, segundo fontes
Crise do coworking? CEO de concorrente da WeWork diz como teve seu melhor ano