Ação do Casino, dono do GPA, cai 33% ante perspectiva de forte diluição

Grupo francês de supermercados se reuniu com credores nesta quarta para discutir as propostas de dois bilionários. Em comum, acionistas atuais ficariam com muito pouco

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Bloomberg — Investidores do Casino Guichard-Perrachon, que no Brasil controla o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), reagiram levando as ações a uma queda de até 42% nesta quarta-feira (5), enquanto avaliam as implicações das ofertas para resgatar a endividada rede francesa de supermercados.

As propostas de grupos liderados por dois bilionários, o empresário francês de telecomunicações Xavier Niel e o financista tcheco Daniel Kretinsky, deixariam os atuais acionistas com quase nada.

O Casino se reuniu com os credores na quarta para discutir as propostas. As ações caíram pela manhã até 42% na Bolsa de Paris, antes de encerrarem a sessão com queda de 33%.

Ontem, a rede varejista publicou os detalhes das duas ofertas. Apesar de suas dificuldades financeiras com a alta alavancagem com dívidas, a empresa é considerada atraente para investidores em potencial devido à localização privilegiada de suas lojas Monoprix e Franprix em Paris e em outras cidades francesas.

O grupo liderado por Niel, conhecido como 3F, inclui o banqueiro Matthieu Pigasse e o empresário do varejo Moez-Alexandre Zouari. Com a ajuda de credores com garantias, sua oferta injetaria € 900 milhões (US$ 979 milhões) de dinheiro novo na empresa, embora a parte do patrimônio líquido seja de apenas € 450 milhões.

De acordo com o plano de Kretinsky, ele e a Fimalac, de Marc Ladreit de Lacharrière - ambos acionistas existentes - forneceriam uma injeção de capital de € 1,35 bilhão.

As ofertas rivais são as últimas reviravoltas em uma longa saga para o Casino, que afirmou que sua reestruturação resultará na diluição dos acionistas e na perda de controle do CEO Jean-Charles Naouri.

Embora a oferta de Kretinsky inclua mais capital, pode haver pressão sobre o Casino, seus credores e o presidente Emmanuel Macron para encontrar uma solução francesa para os problemas da empresa. Os órgãos reguladores franceses bloquearam anteriormente uma proposta de aquisição do Carrefour, rival do Casino, pela Alimentation Couche-Tard, do Canadá.

O Casino tem procurado reduzir a dívida com a venda de ativos desde 2018, mas sua concentração em áreas fortemente dependentes do turismo pagou um preço na pandemia; e uma estratégia para aumentar os preços mais do que seus concorrentes aumentou os problemas do Casino mais recentemente.

A empresa acabou entrando em negociações supervisionadas pelo tribunal com credores e outras partes interessadas - incluindo o Estado francês - para reestruturar seu balanço patrimonial em maio.

Mas, enquanto isso, a redea francesa está seguindo um plano de negócios concebido em torno de seus supermercados menores e premium nos centros das cidades. Apesar de manter suas operações de hipermercados na França, que geram muito dinheiro, o grupo planeja vender ativos considerados não essenciais, como seus negócios na América Latina.

Diluição de ações

O varejista disse na semana passada que estava buscando nada menos do que € 900 milhões em dinheiro novo e convertendo € 3,5 bilhões de dívidas não garantidas e até € 1,5 bilhão de instalações garantidas em ações, a fim de sanar suas finanças.

As duas ofertas diferem no tamanho do cheque de capital e no corte da dívida, e podem agradar a diferentes acionistas. Kretinsky fez uma oferta firme, enquanto o plano da 3F aguarda o due dilligence.

O bilionário tcheco planeja reduzir o endividamento para € 2 bilhões e, ao mesmo tempo, fornecer a maior parte da injeção de capital. Isso significaria uma grande participação para ele na empresa reestruturada.

A oferta 3F permite um papel maior para os credores que estão dispostos a participar do aumento de capital, que normalmente são fundos que investem em dívidas com desconto e querem maximizar seus retornos com uma participação acionária. O plano deixaria a empresa mais alavancada do que o Casino havia previsto, com uma dívida de € 3,7 bilhões.

Ambos os licitantes concordaram em manter a sede do Casino em Saint-Etienne, uma cidade a sudoeste de Lyon. A 3F também concordou em manter o mesmo nível de emprego no grupo principal, embora Kretinsky não faça referência explícita a isso, disse a empresa.

Nas reuniões desta quarta-feira, os credores e o Casino discutirão qual oferta será usada em um plano de reestruturação que a empresa proporá até o final do mês. Quando as discussões com os credores, supervisionadas pelo tribunal - conhecidas como conciliação - terminarem, a empresa precisará abrir um processo para implementar o plano de reestruturação.

Ela precisa do apoio de dois terços de uma classe de credores para aprovar o plano e torná-lo obrigatório para os demais, mesmo aqueles que discordam da proposta.

- Matéria atualizada às 15h15 com as cotações do Casino no fechamento.

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