Ações da Kering sobem mais de 6% apesar de queda de 24% nas vendas da Gucci

Ações da controladora da Gucci subiram 6,7% no início do pregão de Paris - embora os papéis terem recuado 38% nos últimos 12 meses

Mulher vista do quadril para baixo, ela está com um casaco branco tapando suas calças e ela usa botas pretas. Na mão, uma bolsa azul-petróleo
Por Angelina Rascouet
11 de Fevereiro, 2025 | 08:13 AM

Bloomberg — As ações da Kering SA subiram à medida que os investidores se animaram com o lucro melhor do que o esperado e com os sinais de estabilização da Gucci, sua maior marca, que sofreu nos últimos anos com a demanda mais fraca por artigos de luxo.

As medidas de controle de custos ajudaram a Kering a gerar um lucro anual que superou ligeiramente as estimativas dos analistas, tanto na Gucci quanto no geral. Isso ajudou a elevar as ações em até 6,7% no início do pregão de Paris - embora os papéis terem recuado 38% nos últimos 12 meses.

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A Gucci, que responde por quase dois terços do lucro da Kering, foi mais prejudicada do que suas rivais pelo enfraquecimento da demanda de luxo, especialmente na China.

A Kering observou uma ligeira melhora nas vendas entre o terceiro e o quarto trimestre no país, de acordo com o diretor financeiro Armelle Poulou. Ainda assim, a receita da Gucci caiu 24% em uma base comparável no último trimestre do ano passado.

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“Acreditamos que o pior pode ter ficado para trás, embora o momento para uma possível reinicialização permaneça incerto nesta fase”, escreveu Piral Dadhania, analista da RBC Capital Markets, em uma nota, e acrescentou que os resultados de terça-feira poderiam tranquilizar os investidores de que “as tendências estão melhorando modestamente contra o sentimento de baixa”.

Na semana passada, a Kering anunciou a saída do designer da Gucci, Sabato De Sarno, depois de apenas dois anos no cargo.

A mudança marca uma das primeiras decisões importantes tomadas pelo novo diretor executivo da Gucci, Stefano Cantino, que assumiu o cargo no início de janeiro.

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(Foto: Daniele Venturelli/Getty Images)

Uma desaceleração mais ampla na demanda por bolsas e roupas caras também prejudicou o desempenho dos rivais da Kering, incluindo a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, o maior grupo de luxo do mundo.

A Hermes International, considerada uma das mais resistentes fornecedoras de produtos de alta qualidade por causa de sua clientela fiel e rica, divulgará seus lucros na sexta-feira.

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A receita operacional recorrente anual da Kering caiu 46%, para 2,55 bilhões de euros (2,63 bilhões de dólares) no ano passado, informou o grupo francês de moda, o menor valor desde 2016. Além da Gucci, as marcas da Kering incluem Yves Saint Laurent e Bottega Veneta.

"A evolução do lucro operacional é melhor do que o esperado para praticamente todas as marcas", escreveu Luca Solca, analista da Bernstein, em uma nota. "No entanto, o declínio absoluto em relação a 2023 é impressionante".

Durante a ligação com os jornalistas, Poulou disse que a Kering está tentando controlar as despesas implementando um congelamento do número de funcionários, bem como reduções de custos da cadeia de suprimentos.

(Foto: Benjamin Girette/Bloomberg)

Ela também reiterou que a Kering planejava fazer mais acordos com fundos para reduzir sua exposição a ativos imobiliários e diminuir sua dívida depois de vender uma participação em algumas de suas propriedades imobiliárias em Paris para a empresa francesa de private equity Ardian no mês passado.

Poulou se recusou a dizer quando a Kering planejava nomear um novo designer para a Gucci. As criações de De Sarno eram mais minimalistas do que os designs extravagantes de seu antecessor e não conseguiram gerar muito entusiasmo em torno da marca.

Nas últimas décadas, a Gucci tendeu a se sair melhor com diretores artísticos que promoveram criações mais ousadas.

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