Bloomberg — Um aumento de 1.130% nas ações de uma empresa de gestão de resíduos está chamando a atenção do operador da bolsa de valores.
A B3 solicitou esclarecimentos sobre “flutuações atípicas” nas ações da Ambipar que ocorreram entre 11 e 13 de dezembro, de acordo com uma nota. Nesses dias, as ações subiram cerca de 94%.
A B3 decidiu colocar a ação em negociação não contínua na segunda (16) e na terça-feira (17) para “garantir a continuidade dos preços” do título, disse o operador da bolsa. Na quarta-feira (18), a ação seria “negociada normalmente e, eventualmente, irá a leilão se houver uma mudança de preço”, disse a B3. As ações caíram 13% no dia.
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A empresa, em um comunicado na noite de terça-feira (17), disse que não tem conhecimento de nenhuma informação que possa justificar os recentes movimentos no preço das ações.
A Ambipar disse que também questionou pessoas com possível acesso a informações relevantes, acrescentando que elas “não têm conhecimento de nenhum ato ou fato relevante não divulgado que possa justificar tais flutuações”.
A Ambipar viu o preço de suas ações subir mais de 1.130% este ano. As recentes aquisições de ações pelo fundador Tercio Borlenghi Junior, bem como pela administradora DTVM, aumentaram a pressão de compra e alimentaram um aperto de curto prazo nas ações.
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Em meio a negociações limitadas - uma média de 200 mil ações mudaram de mãos na semana passada, em comparação com um pico de 6 milhões no final de julho - as ações continuaram a subir, atingindo o recorde histórico de R$ 268,52 (US$ 43,32).
Em agosto, a Bloomberg News informou que o investidor veterano Nelson Tanure estava comprando ações da Ambipar por meio da Trustee. O valor de mercado da empresa subiu para R$ 44,85 bilhões em 13 de dezembro, ante R$ 2,6 bilhões no início do ano.
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A grande alta das ações tornou Borlenghi Junior ainda mais rico, com sua participação de 73,36% valendo R$ 24,5 bilhões. O executivo fundou a empresa em 1995.
A rápida alta fez com que as ações ultrapassassem seus preços-alvo, obrigando os analistas a retirarem suas avaliações por enquanto. Victor Mizusaki, do Bradesco BBI, foi o único que atualizou as estimativas, mantendo um rating neutro e um preço-alvo de R$ 135. Mizusaki escreveu em uma nota de 4 de novembro que as ações estavam refletindo a implementação “bem-sucedida” do plano de recuperação da empresa anunciado em maio.
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Naquele mês, a XP colocou as ações em revisão, citando os recentes desenvolvimentos operacionais da empresa e o desempenho superior das ações.
A Ambipar, a Borlenghi Junior e o Bradesco BBI não quiseram comentar.
--Com a colaboração de Daniel Cancel, Cristiane Lucchesi, Raphael Almeida Dos Santos e Jeremy R. Cooke.
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