A visão dos maiores bancos do país sobre a retomada do crédito

Inadimplência atingiu pico em junho, representando 3,1% da carteira para empresas - o maior desde 2018 - e atingiram um pico de sete anos de 6,3% para pessoas físicas

Pedestres na Avenida Paulista, em São Paulo
Por Leda Alvim
10 de Agosto, 2023 | 12:34 PM

Bloomberg — Os bancos no Brasil estão esperando uma redução nas taxas de inadimplência depois que o Banco Central deu início ao tão esperado ciclo de flexibilização monetária com um corte acima das estimativas da taxa básica de juros.

Bancos que vão desde o BTG Pactual (BPAC11) até o Bradesco (BBDC4) e o Itaú Unibanco (ITUB4), que divulgaram seus resultados na última semana, veem as taxas de inadimplência em suas carteiras atingindo o pico.

As autoridades monetárias lideradas por Roberto Campos Neto reduziram a taxa de referência Selic em meio ponto percentual acima do esperado, para 13,25% na semana passada, e sinalizaram que mais cortes da mesma magnitude estão por vir.

“Quando você tem um ambiente de taxas de juros mais baixas, a expectativa é de fato uma redução na taxa de inadimplência”, disse Renato Hermann Cohn, CFO do BTG Pactual, em uma coletiva de imprensa na terça-feira. “Ainda levará algum tempo, mas a expectativa é que haja um alívio nesse aumento, produzindo um cenário um pouco mais otimista.”

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As taxas de inadimplência para empréstimos não vinculados que estão 90 dias atrasados estão em máximas de vários anos, à medida que os brasileiros lutam para pagar dívidas em meio a altas taxas de juros.

As taxas atingiram o pico em junho, representando 3,1% da carteira de empréstimos para empresas - o maior desde 2018 - e atingiram um pico de sete anos de 6,3% para pessoas físicas, de acordo com dados do Banco Central.

Taxas de inadimplência no Brasil em empréstimos para empresas e pessoas físicas

As taxas de inadimplência provavelmente estão atingindo o pico e devem continuar em tendência de queda, disse o CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., durante uma teleconferência com jornalistas na semana passada.

O Itaú, o maior banco da América Latina em valor de mercado, prevê uma taxa de inadimplência em níveis “estáveis”, com um aumento de 0,1 ponto percentual, em linha com as expectativas.

“Obviamente estamos vindo de um ambiente de crédito mais desafiador, mas estamos começando a ver sinais positivos”, disse o CEO Milton Maluhy em uma teleconferência na terça-feira, acrescentando que a desaceleração na carteira de empréstimos no segundo trimestre é “natural”.

Os empréstimos de cartão de crédito do Itaú caíram 20 pontos base no segundo trimestre após ajustes na composição da carteira, segundo Maluhy. “Se não fosse pela redução do risco da carteira, nossas taxas de inadimplência estariam 180 pontos acima do que temos agora”, disse ele.

Após o corte audacioso da semana passada por Campos Neto e colegas, os analistas reduziram suas previsões de taxa de juros para este ano e o próximo. A Selic agora é esperada para atingir 11,75% até o final do ano, abaixo da estimativa anterior de 12%, de acordo com uma pesquisa semanal do banco central junto a economistas, publicada na segunda-feira. Para 2024, os analistas reduziram sua previsão para 9%, ante 9,25%.

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“As expectativas são bastante positivas para o crescimento do crédito com cortes no segundo semestre. Haverá demanda por crédito devido aos cortes e à expectativa de melhora no PIB”, disse Lazari, do Bradesco.

-- Com a colaboração de Giovanna Bellotti Azevedo, Felipe Saturnino e Cristiane Lucchesi.

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