Bloomberg — A Tesla pode receber mais de € 1 bilhão em compensação de montadoras rivais que precisam de ajuda para cumprir padrões de poluição mais rígidos na União Europeia este ano, segundo analistas do UBS Group.
A empresa americana reunirá a frota de veículos elétricos que venderá este ano com pelo menos cinco outros fabricantes, liderados pela Toyota Motor, Stellantis NV e Ford Motor, de acordo com um documento da União Europeia emitido nesta terça-feira (7).
O acordo permite que as montadoras calculem a média das emissões de suas frotas, com aquelas que vendem menos EVs compensando empresas como a Tesla, que cumprem em excesso os limites de emissão de dióxido de carbono.
“A compensação da Tesla poderia até mesmo exceder € 1 bilhão se ela monetizasse toda a sua posição de CO2″, escreveram os analistas do UBS liderados por Patrick Hummel em um relatório publicado na quarta-feira. A Volvo Car AB, que está se unindo à Mercedes-Benz Group AG, poderia receber até 300 milhões de euros em compensação este ano, estimou Hummel em agosto.
As montadoras da região fizeram lobby para que a UE flexibilizasse os padrões de CO2 que estão em processo de aumentar este ano, e alertou que elas serão forçadas a pagar multas, reduzir a produção, e associar-se a concorrentes estrangeiros, como a Tesla ou a BYD da China, ou vender EVs com grandes perdas.
Os registros de carros plug-in estagnaram no ano passado depois que os governos de mercados como a Alemanha eliminaram os subsídios.
"Nossas marcas europeias são forçadas a verificar se é uma ideia mais inteligente dar o dinheiro para a Tesla ou para a BYD", disse Jens Gieseke, um legislador de centro-direita do Parlamento Europeu, autor de um documento no mês passado pedindo à comissão que reveja suas políticas automotivas. "Essa não é a melhor abordagem".
Quaisquer outros fabricantes que desejem se juntar ao pool da Tesla têm até 5 de fevereiro para enviar sua solicitação, mostra o documento da UE. Os candidatos devem assinar um acordo de não divulgação e fornecer dados à Tesla sobre suas emissões de CO2, para que a empresa possa avaliar qualquer risco de que o pool não atinja suas metas.
Os fabricantes interessados em participar do pool Volvo-Mercedes estão sujeitos a termos semelhantes e têm até 7 de fevereiro para se candidatar.
A união da Stellantis com a Tesla é uma surpresa, escreveram os analistas do UBS, porque o ex-diretor executivo Carlos Tavares insistiu que a empresa cumpriria as regras da UE organicamente. O acordo diminui a pressão sobre a Stellantis para aumentar a produção de EVs que foram lançados com atraso.
As declarações iniciais de pooling também levantam questões sobre os planos de conformidade da Volkswagen AG e da Renault SA, disse o UBS.
As duas empresas têm as maiores lacunas a serem preenchidas entre as vendas do ano passado e as metas de emissões da frota que terão de atingir em 2025.
Não está claro se a Tesla já está "no limite" em termos do número de fabricantes que pode incluir em seu pool ou se há espaço para mais, disse Hummel.
"De qualquer forma, acreditamos que as opções estratégicas para a VW e a Renault diminuíram com os anúncios de ontem", escreveu ele. As empresas podem ser forçadas a vender mais EVs com margem diluída e enfrentar um risco de queda de aproximadamente 10% em seus lucros antes de juros e impostos este ano, estima Hummel.
A Renault criticou a Comissão Europeia, e disse que os fabricantes estão sendo forçados a tomar decisões “contraproducentes” para cumprir as normas.
"Isso leva ao enfraquecimento da indústria europeia", disse a empresa, acrescentando que é muito cedo para dizer se ela se unirá aos concorrentes.
--Com a ajuda de Alberto Nardelli, Albertina Torsoli e John Ainger.
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