123Milhas: por que a empresa decidiu suspender passagens e pacotes promocionais

Plataforma cancelou a emissão de produtos da linha “PROMO” com previsão de embarque de setembro a dezembro, alegando ‘condições adversas de mercado’

Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo
19 de Agosto, 2023 | 04:42 PM

Bloomberg Línea — A plataforma online de vendas de passagens aéreas 123Milhas suspendeu no início da noite de sexta-feira (18) as emissões de bilhetes e pacotes da linha “PROMO” com embarques previstos de setembro e dezembro, em meio “à pressão de demanda no mercado doméstico”, informou a companhia em nota.

As vendas dos pacotes da linha já tinham sido suspensas na quarta-feira (16). A PROMO representa 7% dos embarques da 123Milhas em 2023. A empresa disse que os demais produtos permanecem sem nenhuma alteração.

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“A decisão se deve à persistência de fatores econômicos e de mercado adversos, relacionados principalmente à pressão da demanda e ao preço das tarifas aéreas”, afirmou a empresa em comunicado.

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o setor aéreo se mantém em recuperação na comparação com a queda durante a pandemia. Em junho, foram transportados 7,2 milhões de viajantes no mercado doméstico, maior resultado para o mês desde 2015.

No acumulado do primeiro semestre, foram 43,8 milhões de viajantes no mercado doméstico, alta de 15% em relação ao mesmo período de 2022, informou a agência reguladora.

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Nos seis primeiros meses do ano, a demanda medida por passageiros-quilômetros pagos transportados (RPK, no jargão do setor) acumulou alta de 9,9% em relação a igual intervalo de 2022. Já a oferta medida por assentos-quilômetros ofertados (ASK) registrou aumento de 9,5% na mesma base de comparação.

No entanto, o preço das passagens aéreas, que vinha sendo um dos principais componentes da inflação até o início deste ano, vem apresentando oscilações nos últimos meses, com queda de 17,73% em maio, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com a demanda mais alta no setor aéreo, especialmente na alta temporada que começa no segundo semestre e se estende até o fim do ano, os preços das passagens ficam mais altos, dificultando a emissão de bilhetes que foram comprados com um determinado volume de milhas pela plataforma.

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123 Milhas é alvo de reclamações

Nas últimas 24 horas, as reclamações de clientes da 123 Milhas nas redes sociais e no site Reclame Aqui aumentaram substancialmente. Segundo relatos, a empresa cancelou viagens sem aviso prévio e consumidores alegam que não estão conseguindo falar com a empresa.

A 123Milhas disse em nota que “os valores pagos pelos clientes que adquiriram produtos da linha PROMO com embarque previsto para setembro, outubro, novembro e dezembro de 2023 serão integralmente devolvidos em vouchers, com correção equivalente a 150% do CDI. Os vouchers podem ser usados para compra de outros produtos da 123Milhas.”

O modelo de operação da empresa envolve o cadastro de pessoas dispostas a vender suas milhas. Toda vez que há uma compra na plataforma, o sistema seleciona um vendedor, emite a passagem e transfere para o cliente.

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No início deste ano, a 123Milhas e a MaxMilhas, que atua no mesmo nicho de negócio, chegaram a anunciar uma fusão. Contudo a Maxmilhas informou à Bloomberg Línea que, embora tenham “alguns sócios investidores em comum”, as operações são “independentes”.

Apesar do crescimento do modelo de negócio, o regulamento dos programas de fidelidade das companhias aéreas proíbe expressamente a venda de pontos, o que vem causando polêmica entre as empresas do setor de aviação.

Companhias aéreas vêm fechando o cerco contra a prática, colocando regras mais rígidas em seus programas de fidelidade.

Autoridades

Em nota, o Ministério do Turismo afirmou que considera “grave” o anúncio da 123Milhas e informou que já acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para que, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), “avalie a instauração de um procedimento investigativo que esclareça as razões de tais cancelamentos, identifique todas as pessoas atingidas e promova a reparação de danos a todos os clientes prejudicados”.

A pasta acrescentou que “ambos os ministérios estão empenhados na busca de mecanismos que evitem que situações semelhantes voltem a se repetir e na responsabilização de empresas que, porventura, tenham agido de má-fé”.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.