Yields saltam após Powell frustrar apostas de corte dos juros em março

Rendimentos dos Treasuries chegaram a 4,46%; há apenas quatro semanas, um corte em março era dado quase com certo no mercado de swaps

Prédio do Federal Reserve em Washington, DC.
Por James Hirai - Constantine Courcoulas
05 de Fevereiro, 2024 | 09:30 AM

Bloomberg — As taxas dos Treasuries americanos avançaram depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a descartar um corte de juros em março e frustrou ainda mais as esperanças de uma virada rápida na política monetária dos Estados Unidos.

Os títulos do Tesouro americano de curto prazo foram os mais impactados. O yield da nota de dois anos, que saltou 0,16 ponto percentual na sexta-feira (2), chegou a subir mais 0,10 ponto percentual nesta segunda (5), para 4,46%, o nível mais alto em um mês.

A chance de um corte de 0,25 ponto percentual em março sinalizada pelos juros futuros chegou a cair para perto de 15% depois que Powell disse em entrevista à CBS, transmitida no domingo, que os americanos podem ter que esperar por uma redução de juros além da próxima reunião do Fed.

Há apenas quatro semanas, um corte em março era dado quase com certo no mercado de swaps, mas Powell disse que as autoridades precisam de mais dados econômicos para confirmar que a inflação caminha para a meta de 2%. A alta anual dos preços ao consumidor acelerou ligeiramente para 3,4% em dezembro.

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A tendência de alta das taxa começou na semana passada, depois de dados de emprego muito mais robustos do que os economistas esperavam.

É a mais recente quebra de braço entre traders que apostam que o banco central já poderia começar a reverter seu aperto monetário em breve e dirigentes do Fed receosos de declarar vitória sobre a inflação, mesmo após ela já ter recuado bastante dos 9,1% atingidos em meados de 2022.

Rendimento dos títulos de 2 anos, mais sensíveis aos juros, subiram após falas de Powell

Goldman Sachs (GS), Bank of America (BAC) e Barclays estão entre os bancos de Wall Street que adiaram na semana passada suas previsões sobre o momento do primeiro corte na taxa do Fed, de março.

“Não há motivo para os títulos do Tesouro dos EUA se valorizarem”, disse Althea Spinozzi, estrategista sênior de renda fixa do Saxo Bank. “Se a inflação continuar teimosamente acima da meta de 2% do Fed, existe a chance de o Fed desapontar os mercados em relação aos cortes nas taxas.”

Os títulos na Europa também sofreram quedas, embora os movimentos tenham sido menos pronunciados do que nos EUA. O rendimento dos títulos alemães de 10 anos subiu quatro pontos-base, enquanto o dos títulos britânicos de prazo semelhante aumentou cinco pontos-base.

Os traders estão apostando em cinco reduções de 0,25 ponto percentual pelo Banco Central Europeu este ano, abaixo das quase sete esperadas há alguns meses. O Banco da Inglaterra é esperado para baixar as taxas de juros apenas três vezes, em comparação com até seis vezes no final do ano passado.

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