Blommberg — A nova temporada de balanços corporativos referentes ao segundo trimestre não deve impulsionar ganhos adicionais no mercado acionário dos Estados Unidos. A avaliação é de Michael Wilson, estrategista-chefe para ações e CIO (executivo-chefe de investimentos) do Morgan Stanley (MS) e considerado uma das vozes mais pessimistas de Wall Street, ampliando o consenso em torno dessa percepção já evocada por outros de seus pares.
Segundo o estrategista, desta vez os guidances (projeções) a serem anunciados pelas empresas serão mais importantes do que o normal para o movimento das bolsas, tendo em vista os elevados valuations das ações, as taxas de juros mais altas e a liquidez cada vez menor.
“Com o início da temporada de balanços corporativos do segundo trimestre nesta semana, resultados melhores do que o previsto provavelmente não serão mais ‘suficientes’ para disparar novos ganhos em Wall Street”, escreveu em relatório nesta segunda-feira (10).
O estrategista - cuja visão pessimista sobre as ações ainda não se concretizou neste ano, mas que se mostrou certeira ao longo de 2022 - disse que espera mais cortes nas projeções de lucros dos analistas para a segunda metade do ano.
“O ponto-chave para as ações virá por meio do guidance das empresas para o último trimestre, e não pelos resultados em si.”
As ações dos EUA se recuperaram no primeiro semestre de 2023 com base em lucros melhores do que o esperado e nas expectativas de que a taxa de juros teria atingido o pico, pegando a maioria dos estrategistas de Wall Street desprevenidos em suas projeções para o ano.
Uma revisão para baixo nas expectativas para os lucros, contudo, têm ganhado espaço e os investidores estão cada vez mais esperando maior volatilidade para as ações no restante do ano.
Esse movimento pode ser visto neste começo de julho, com o S&P 500 registrando uma queda na semana passada em meio a temores de um Federal Reserve mais agressivo por mais tempo.
A última pesquisa Markets Live Pulse da Bloomberg também constatou que os participantes estão se preparando para que taxas de juros mais altas possam desencadear novas quedas no índice S&P 500 nesta temporada de resultados, que começa na sexta-feira (14).
De forma geral, os analistas esperam que os lucros do segundo trimestre tenham caído uma média de quase 9% – a maior baixa na comparação anual desde 2020, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
Enquanto isso, a equipe de estratégia de ações do Goldman Sachs (GS) disse esperar que as empresas norte-americanas “atendam ou excedam o baixo patamar” estabelecido para o segundo trimestre.
Os estrategistas do banco americano consideram, no entanto, as expectativas de analistas de uma recuperação dos lucros em 2024 como “otimistas demais”.
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