Bloomberg — As probabilidades de um rali de fim de ano nas ações dos Estados Unidos estão diminuindo à medida que os investidores enfrentam uma série de riscos, desde estimativas de lucro elevadas até o aperto na política do Federal Reserve (Fed), de acordo com Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS), conhecido por ser um dos mais pessimistas de Wall Street.
Ele afirmou que “não ficaria surpreso” em ver mais quedas no S&P 500, com “expectativas de lucros provavelmente muito altas para o quarto trimestre e para 2024, e um aperto na política provavelmente sentido tanto do ponto de vista monetário quanto fiscal.”
Analistas de Wall Street esperam que as empresas do S&P 500 registrem uma queda nos lucros de 1,1% no terceiro trimestre, antes de um aumento de 5,2% no período de outubro a dezembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
As estimativas futuras para os próximos 12 meses também aumentaram, aproximando-se de uma alta recorde.
A visão pessimista de Wilson tem sido em parte confirmada, com o S&P 500 registrando sua terceira queda mensal consecutiva devido a preocupações com taxas de juros mais altas por mais tempo.
Na sexta-feira (20), o índice fechou em 4.224 pontos, abaixo de sua média móvel de 200 dias pela primeira vez desde março. Isso é considerado um nível de suporte técnico importante e é usado por traders para avaliar se a tendência de longo prazo está subindo ou caindo.
A projeção combinada para lucros, valuations e política monetária significa que o S&P 500 “terá dificuldades” para voltar acima do patamar de 4.300 a 4.400 pontos - que eram anteriormente considerados níveis de suporte tático, segundo Wilson. O estrategista vê o índice negociado aos 3.900 pontos no fim do ano, quase 8% abaixo dos níveis atuais.
Nos últimos meses, o coro de estrategistas de Wall Street alertando sobre um fim de ano morno aumentou, à medida que as ações também enfrentam riscos geopolíticos renovados.
A incerteza macroeconômica, bem como os rendimentos dos títulos dos EUA em 5%, têm ofuscado a temporada de divulgação de resultados do terceiro trimestre, fazendo com que as empresas do S&P 500 se movam cada vez mais em conjunto.
As reações iniciais aos resultados também são mornas. Com cerca de um quinto das empresas do S&P 500 tendo divulgado resultados, as empresas que ficaram aquém das estimativas dos analistas na métrica de lucro por ação viram suas ações performarem acima do índice de referência em uma mediana de 3,7% no dia dos resultados, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
Essa é a pior performance na história dos dados, que remonta ao segundo trimestre de 2019.
Até mesmo as empresas que superaram as estimativas ficaram atrás do S&P 500 em 0,6% – a primeira ocorrência desse tipo desde o quarto trimestre de 2020. O estrategista do JPMorgan (JPM) Mislav Matejka prevê mais pressão sobre as ações globais devido ao fortalecimento esperado do dólar, segundo uma nota de 23 de outubro.
Na RBC Capital Markets, a estrategista Lori Calvasina também afirmou que “a perspectiva ficou mais nublada e não acreditamos que a pausa no rali do S&P 500 tenha acabado”.
Além disso, as ações de crescimento estão propensas a quedas de curto prazo, já que se tornaram “muito presentes nas carteiras dos investidores e supervalorizadas”, enquanto preocupações com o balanço, o aumento dos rendimentos dos Treasuries e o pessimismo econômico estão afetando as small caps, disse ela.
“O mercado de forma geral, as negociações de empresas de crescimento e de small caps provavelmente não encontrarão firmeza novamente até que o recente aumento nos rendimentos dos títulos chegue ao fim”, escreveu Calvasina em nota.
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