Bloomberg — Por dois anos consecutivos, analistas do mercado de ações elevaram suas perspectivas para o S&P 500 repetidas vezes para acompanhar o rali incessante.
Agora, há pouco menos de três meses do início do ano, estrategistas de sell-side de empresas como a JPMorgan Chase e a RBC Capital Markets começam a moderar suas projeções para 2025, à medida que as tarifas comerciais do presidente Donald Trump alimentam os temores de desaceleração do crescimento econômico e fazem com que as ações americanas entrem em parafuso.
Embora nenhum dos analistas tenha puxado o gatilho ainda, o rearranjo - que ocorre menos de três semanas depois que o S&P 500 atingiu um recorde - mostra uma sensação crescente de incerteza entre os analistas de Wall Street.
Historicamente, o target de consenso dos estrategistas normalmente tem um atraso em relação aos movimentos reais do mercado em cerca de 60 dias, de acordo com uma análise da Piper Sandler.
“Continuará sendo difícil avaliar totalmente as possíveis desvantagens das políticas, dada a falta de clareza sobre o momento, o escopo e a profundidade das mudanças”, escreveu Dubravko Lakos-Bujas, estrategista do JPMorgan, em uma nota aos clientes. “Nesse ínterim, os investidores devem aceitar a volatilidade.”
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A equipe do estrategista alertou na quinta-feira (6) que sua previsão de final de ano para o S&P 500 de 6.500 pontos - um ganho de aproximadamente 13% em relação ao fechamento de sexta-feira - pode não se concretizar antes de dezembro, citando um “grande erro padrão” em torno do valor contra o aumento da incerteza.
"Não creio que alguém tenha mais convicção hoje: mais incerteza, sim - uma faixa mais ampla de resultados, sim", disse Michael Kantrowitz, estrategista-chefe de investimentos da Piper Sandler.
De fato, Lakos-Bujas indicou que o S&P 500 poderia oscilar entre sua projeção original do final do ano e até 5.200 pontos ao longo de 2025.
O tom cauteloso marca uma reversão em relação ao início deste ano, quando ele e seus colegas dos principais bancos previam sólidos ganhos em ações nos próximos meses, uma vez que a desregulamentação, os cortes de impostos e outras políticas de Trump consideradas “pró-crescimento” deveriam impulsionar o mercado.
Em vez disso, os impostos sobre produtos de parceiros comerciais como Canadá, México e China fizeram com que os analistas reduzissem seu otimismo.
Separadamente, a mesa de operações do banco mudou para uma postura taticamente pessimista, dizendo que as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) devem cair, que as revisões de lucros serão menores e, principalmente, que Wall Street terá que rever as previsões de fim de ano para o S&P 500.
Os investidores enfrentaram um período difícil para as ações dos Estados Unidos. O índice de referência caiu em cinco das sete semanas desde a chegada de Trump à Casa Branca, enquanto o Nasdaq 100 caiu em uma correção na sexta-feira.
Na RBC Capital Markets, Lori Calvasina reduziu sua projeção de baixa para o S&P 500 de 5.775 pontos para 5.600 pontos até o final do ano, com base em uma nova modelagem de teste de estresse que agora reflete lucros corporativos estáveis e um cenário diferente de inflação e taxa de juros.
"As fortes vibrações pós-eleitorais foram uma parte importante do consenso de alta em 2025 para as ações dos Estados Unidos, que ficou sob pressão", disse Calvasina em uma nota aos clientes. Ela também afirmou que o risco de um "susto de crescimento" no S&P 500, definido como uma queda de 14% a 20%, aumentou.
Ainda assim, os estrategistas, incluindo Calvasina, mantém seus targets de preço do S&P 500 para o ano por enquanto, já que a economia continua sólida com base nos últimos dados de emprego e nos comentários do presidente do Federal Reserve. Jerome Powell disse na sexta-feira que o banco central americano não precisa se apressar para ajustar a política monetária.
Em média, Wall Street espera que o S&P 500 feche 2025 um pouco acima de 6.500 pontos, com base em uma pesquisa de estimativas compilada pela Bloomberg.
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