Volta do apetite ao risco? Por que estrategistas do Goldman estão cautelosos

Equipe liderada por Christian Mueller-Glissmann diz que risco de recessão continua elevado, bem como de a inflação se mostrar mais persistente daqui para frente

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Bloomberg — A retomada do rali nas ações globais sugere que os riscos de inflação e recessão estão no retrovisor. Os estrategistas do Goldman Sachs (GS), no entanto, estão mais céticos.

“O risco de recessão nos Estados Unidos continua elevado e a inflação pode se mostrar mais persistente daqui para frente, desencadeando surpresas hawkish pelos bancos centrais”, escreveu a equipe liderada por Christian Mueller-Glissmann em uma nota a clientes.

“Esperamos que as ações globais permaneçam presas em sua faixa ‘gorda e estagnada’ daqui para frente”, afirmaram, com um prêmio de risco menor e crescimento dos lucros relativamente limitado, o que reduz o potencial de mais ganhos.

Os estrategistas — que previram corretamente um período de desempenho inferior no S&P 500 no início de 2023 — disseram que a melhora no sentimento dos investidores em junho também superou os dados econômicos.

“Embora vejamos mais potencial para adicionar duration após a recente onda hawkish dos bancos centrais, também vemos a atratividade do dinheiro em carteiras devido aos rendimentos elevados no curto prazo e à incerteza macroeconômica”, disse Mueller-Glissmann.

Após um início morno em julho, o S&P 500 se recuperou nesta semana, à medida que novos dados de inflação mais moderados alimentaram o otimismo de que o Federal Reserve poderia interromper de vez as altas de juros em breve. Agora, o foco se volta para a temporada de resultados do segundo trimestre.

Os estrategistas do Goldman disseram que um grande risco para a segunda metade do ano é o impacto do desaceleramento do crescimento global nas projeções dos lucros.

Eles afirmaram que suas equipes de estratégia preveem praticamente nenhum crescimento dos lucros, exceto no Japão em 2023, e taxas de crescimento de um dígito médio para as regiões fora da Ásia em 2024.

Também mantiveram uma alocação de ativos considerada “neutra” para ações, enquanto elevaram as recomendações para títulos de “abaixo do peso” para “neutra”. E reduziram a recomendação sobre commodities para “neutra” em três meses, ainda que tenham uma classificação de “acima do peso” para doze meses.

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