Volatilidade cambial volta com tensão geopolítica e pode inibir carry trade

Um indicador do custo de hedge contra oscilações das principais moedas saltou para o nível mais alto desde janeiro no mercado de opções

Dólar
Por Vassilis Karamanis
15 de Abril, 2024 | 12:06 PM

Bloomberg — A volatilidade aumenta no mercado global de câmbio, em meio a apostas que as preocupações com as tensões geopolíticas no Oriente Médio e a inflação mais alta do que o esperado nos Estados Unidos irão impulsionar o dólar.

Um indicador do custo de hedge (proteção) contra oscilações das principais moedas durante o próximo mês saltou para o nível mais alto desde janeiro no mercado de opções.

PUBLICIDADE

A última disparada foi desencadeada pelo ataque do Irã a Israel, na esteira de dados fortes de inflação nos EUA que alimentaram especulações de que o Federal Reserve terá de manter sua política monetária restritiva por mais tempo.

Leia mais: Do Brasil à Turquia: dólar forte impacta governos e bancos centrais no mundo

É uma virada repentina para a volatilidade, que há apenas um mês estendia sua queda para mínimas de vários anos. A relativa calma parecia tão arraigada que muitos investidores começaram a se perguntar se esta seria a nova norma para o mercado de câmbio global, que gira cerca de US$ 7,5 trilhões por dia.

PUBLICIDADE

Mas os traders agora reconsideram esta perspectiva otimista. O mercado reduziu suas expectativas para cortes do Fed e isto impulsionou as apostas em um dólar mais forte face ao euro para o nível mais alto em um ano, ao mesmo tempo em que aumenta a volatilidade implícita.

O euro e a libra caíram para os níveis mais fracos frente ao dólar desde novembro, enquanto o iene estendeu suas perdas nesta segunda-feira (15) para a cotação mais fraca desde 1990.

Traders ampliam aposta em dólar

O dólar também se fortalece com a demanda por refúgio, diante das tensões no Oriente Médio. Isso também se reflete em posições compradas (aposta na alta) em franco suíço.

PUBLICIDADE

Mesmo que as tensões no Oriente Médio diminuam, a volatilidade e os custos de proteção cambial provavelmente permanecerão acima das mínimas de vários anos observadas em março, e as apostas na divergência das políticas monetárias dos principais bancos centrais devem continuar.

A volatilidade cambial alta costuma inibir o carry trade com moedas como o real brasileiro porque aumenta os riscos de perda com a estratégia, que consiste em financiar apostas em mercados com juros altos, tomando emprestado em países com juros baixos.

O ganho de arbitragem só acontece se a moeda alvo não se depreciar demais.

Veja mais em bloomberg.com