Verde, Vista e Legacy: por que estes fundos estão ampliando as apostas em Brasil

Fundos multimercados tiveram mês de agosto negativo, com índice Hedge Funds Anbima caindo 0,73%. Apesar disso, posição comprada aumentou

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Bloomberg — Algumas das principais gestoras de recursos independentes do Brasil aproveitaram as fortes perdas que atingiram os mercados emergentes em agosto para elevar as suas posições nos ativos domésticos.

Fundos como Verde Asset Management, Vista Capital e Legacy Capital disseram em suas cartas mensais a cotistas que aumentaram a exposição a ativos, incluindo bolsa e juros.

Agosto foi um mês difícil para os gestores de multimercado, com a queda de 0,73% do Índice de Hedge Funds Anbima — o maior recuo mensal desde novembro passado.

A maior parte dos fundos brasileiros registrou um desempenho inferior ao do CDI, à medida que índices acionários e de moedas emergentes sofreram seu pior mês desde fevereiro, impactados pelos receios sobre a atividade econômica na China e pela alta das taxas de juros nos EUA.

Uma sequência de 13 dias de queda do Ibovespa no mês passado – a mais longa já registrada – e um aumento nos juros reais dos títulos indexados à inflação, as NTN-Bs, de prazos mais longos foram detratores para os retornos de fundos como Adam Capital, Bahia Asset Management e Vinland Capital.

Os otimistas argumentam que os traders reagiram de forma exagerada ao se desfazer de ativos locais muito rapidamente, com a leitura de que o cenário global exacerbou o ruído local em relação à situação fiscal do Brasil.

O mercado está cético quanto à possibilidade de o governo brasileiro conseguir a aprovação do Congresso para algumas medidas destinadas a aumentar a arrecadação, enquanto alguns investidores dizem que as previsões de receitas são excessivamente otimistas.

Veja o que os fundos locais disseram em suas cartas mensais:

Absolute Investimentos

O fundo aposta na queda dos juros futuros e está comprado em bolsa no Brasil. Também está otimista com as bolsas nos EUA e aposta na alta do dólar.

  • Absolute Vertex FIC: -0,53% em agosto
  • Taxa de referência do CDI: +1,14%

Adam Capital

A Adam disse que a sua carteira leva em conta um pior balanço de riscos para os ativos brasileiros. A previsão de arrecadação de impostos do governo é consideravelmente otimista.

  • Adam Macro II FIC: +0,03%

Bahia Asset Management

A Bahia aplica juros — posições que se beneficiam da baixa — em países desenvolvidos e toma — posição que ganha com a alta — taxas no Japão.

  • Bahia AM Marau FIC: +0,80%

Genoa Capital

O fundo encerrou uma posição comprada no real contra uma cesta de moedas pares emergentes. Está “taticamente” tomada em juros no Brasil.

  • Genoa Capital Radar FIC FIM: -0,50%

Ibiuna Investimentos

A Ibiuna mantém apostas que ganham com juros futuros mais baixos no Brasil e em mercados emergentes que a gestora não especificou. As incertezas fiscais no Brasil tornam a alocação no país tática, e não estrutural.

  • Ibiuna Hedge STH FIC: -0,99%

JGP Asset Management

A JGP disse que os resultados fiscais do Brasil trazem desconfiança aos analistas porque a arrecadação de impostos tem sido mais fraca do que o esperado. Entretanto, os dados de inflação permanecem positivos, o que apoia um corte de 0,50 pp da Selic na semana que vem.

  • JGP Strategy FIC: +0,19%

Kapitalo Investimentos

A gestora reduziu as apostas em juros reais menores no Brasil. Também reduziu as posições compradas no real e no peso mexicano e aumentou as apostas num dólar australiano mais forte. O fundo abriu posições vendidas na libra esterlina e no yuan chinês.

  • Kapitalo Kappa FIN: +0,25%

Legacy Capital

A Legacy impulsionou as posições aplicadas no Brasil e em outros países em desenvolvimento, cujos nomes não foram mencionados. Está comprada em bolsa brasileira, com atenção aos efeitos da desaceleração da inflação e dos cortes de juros.

  • Legacy Capital FIC: +0,02%

SPX Capital

A SPX Capital está aplicada em juros no Brasil e mantém posições que lucram com o ganho do dólar.

  • SPX Nimitz: +1,56%

Verde Asset Management

O aumento dos juros globais combinado aos receios com a China são uma combinação “perniciosa” para os mercados emergentes, o que exacerbou o ruído fiscal do Brasil, segundo avaliação da gestora de Luis Stuhlberger.

  • Verde FIC FIM: estável

Vinland Capital

A Vinland afirma que posições em alta dos juros futuros de curto prazo e de queda das taxas de médio prazo na América Latina são favorecidas pela perspectiva de que o Fed manterá as taxas inalteradas em setembro.

  • Vinland Macro FIC FIM: -0,75%

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