Bloomberg Línea — Depois de uma alta significativa das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos, que levaram à reprecificação de cenário e portfólio, a Verde Asset, de Luis Stuhlberger, decidiu reduzir o risco no real e na bolsa brasileira e aumentar a exposição aos juros.
“O cenário fundamental para o Brasil não mudou, mas as condições de contorno globais estão impondo restrições mais fortes”, escreveu a gestora em carta aos cotistas referente ao desempenho do fundo Verde FIC FIM de setembro.
O multimercado carro-chefe da gestora está agora com uma exposição menor em ações, após ter reduzido a carteira no Brasil e aumentado o hedge (proteção) no mercado global.
Também transformou parte da posição comprada (aposta na alta) em inflação implícita no Brasil em uma posição aplicada (à espera da queda) em juros reais, dada as taxas mais elevadas.
“Olhando para a frente, nos parece que os níveis de preço atuais (próximos ou acima de 5% em toda extensão da curva nominal americana, ou acima de 2,50% de juros reais) já embutem boa parte de um cenário ao mesmo tempo otimista com crescimento e pessimista com os outros pontos. E vemos várias pequenas rachaduras neste quadro”, escreveu a Verde.
Com isso, a gestora também optou por manter posição aplicada em juros reais nos EUA.
“Os períodos de alta violenta de taxas de juros americanas costumam ser bastante perniciosos para mercados emergentes, e setembro seguiu este padrão.”
Desempenho em setembro
Em setembro, o fundo Verde teve ganhos de 0,85%, impulsionados pela posição de inflação implícita no Brasil, nos hedges de bolsa global, no petróleo e nas posições de moedas. O desempenho, contudo, foi inferior à variação de 0,97% do CDI.
As principais perdas vieram do ouro, do livro de bolsa local e de posições em juros em mercados desenvolvidos.
No acumulado de 2023, o multimercado sobe 8,17%, ante variação de 9,93% do benchmark.
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