Verde corta posição na bolsa para 10% e zera juros após ‘piora do cenário no Brasil’

Em carta aos cotistas, gestora de Luis Stuhlberger chamou a atenção para a piora do fiscal; fundo teve perdas de 3,83% em abril

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Bloomberg Línea — A Verde Asset fez mudanças substanciais na estratégia do fundo carro-chefe da casa para maio, em meio à maior volatilidade enfrentada pelo mercado brasileiro tanto no âmbito local quanto internacional.

A casa reduziu para 10% a alocação na bolsa brasileira e praticamente zerou a posição aplicada (à espera da queda das taxas) em juros reais, segundo carta mensal divulgada nesta segunda-feira (13).

Foi iniciada ainda uma pequena posição comprada em inflação implícita local, enquanto a posição aplicada na curva prefixada foi zerada.

Já as posições aplicadas em juros reais americanos foram ampliadas, e a fatia em ações globais, mantida.

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A renomada gestora de Luis Stuhlberger atribuiu as mudanças à piora do cenário no Brasil, em especial no que diz respeito ao âmbito fiscal.

“O projeto de volta do DPVAT mostrou quão fácil é retirar gastos do arcabouço fiscal, mostrando que não há qualquer disciplina do lado do gasto no governo. Além disso, o PLDO apresentado sinais bastante preocupantes de que os limites de crescimento real dos gastos desenhados pelo arcabouço são fictícios, e revisou para baixo as metas de resultado dos anos subsequentes”, escreve a gestora.

“Caiu por terra qualquer ilusão de que o governo perseguiria alguma, por menor que fosse, disciplina”, completa a Verde.

A carta aos cotistas cita ainda a tragédia no Rio Grande do Sul, que “tende a renovar a incerteza fiscal”.

No que tange à ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, a gestora destaca a retirada do guidance.

“Para completar o cenário, o presidente do Banco Central rasgou o forward guidance, afinal as expectativas de inflação de 2025 vêm paulatinamente subindo, muito em função da piora da conjuntura fiscal e do pano de fundo global.”

O relatório Focus, do Banco Central, mostrou nesta segunda (13) uma revisão para cima das projeções para a inflação em 2024 e em 2025. Agora, os economistas preveem alta de 3,76% e de 3,66% para o IPCA, respectivamente, ante projeções de 3,72% e 3,64%.

Desempenho

Em abril, o fundo Verde FIC FIM recuou 3,83%, ante variação de 0,89% do CDI.

As maiores perdas vieram das posições em renda fixa, especialmente as aplicadas em prefixados, bem como dos livros de trading, e da exposição em ações no mercado local.

Já os ganhos vieram do livro de moedas e das posições de crédito.

Com o resultado de abril, o multimercado passa a ter perdas de 1,76% no acumulado de 2024, enquanto o principal benchmark de renda fixa tem alta de 3,54% no período.