Bloomberg — Investidores do UBS (UBS) se preparam para muitos superlativos e algum drama antes da divulgação do primeiro resultado trimestral desde que o banco assumiu o rival de longa data Credit Suisse, em um resgate sem precedentes liderado pelo governo do país europeu.
Cinco meses depois de fechar o acordo, o CEO Sergio Ermotti deve anunciar um dos maiores lucros já registrados por um banco nesta quinta-feira (31), além de potencialmente bilhões de dólares em baixas contábeis com ativos e detalhes sobre o futuro de milhares de empregos.
Mais importantes do que os números, no entanto, serão as indicações de avanço na integração do Credit Suisse, particularmente no que diz respeito à divisão de gestão de patrimônio e ao futuro da sua unidade suíça.
Investidores também analisarão os comentários de Ermotti em busca de novas pistas sobre sua visão estratégica para o que é hoje o único banco global restante na Suíça.
Veterano do UBS que em seu primeiro mandato como CEO transformou o banco em um modelo na gestão de patrimônio após a quase falência na crise financeira de 2008, Ermotti é totalmente consciente da sensibilidade política em torno do acordo do Credit Suisse, ao qual foi trazido de volta para sua supervisão.
Em decisão surpreendente neste mês, o UBS desistiu voluntariamente de uma espécie de “rede de segurança” negociada como parte da compra, o que incluía uma ajuda do governo de 9 bilhões de francos (US$ 9,4 bilhões) em caso de perdas potenciais.
A decisão reduz a possibilidade de consequências políticas e de descontentamento dos eleitores, uma vez que o UBS deve registrar ganhos contábeis de cerca de US$ 35 bilhões depois de comprar o Credit Suisse, com um grande desconto em relação ao valor patrimonial, ao mesmo tempo em que mira cortar de dezenas de milhares de empregos.
O ganho contábil deve resultar em dos maiores lucros do setor bancário já registrados e poderá ultrapassar os US$ 14,3 bilhões do JPMorgan Chase (JPM) no primeiro trimestre de 2021, o recorde da época moderna para bancos americanos e europeus.
Abrir mão das garantias estatais também pode tornar mais fácil para o UBS integrar as operações suíças do Credit Suisse, uma questão polêmica, porque fortalecerá ainda mais sua posição dominante no mercado doméstico. O UBS há muito tempo sinalizava sua preferência em manter a unidade doméstica, mas as eleições na Suíça em outubro obrigaram os executivos a minimizar o plano.
O UBS agora deve decidir a favor da integração total do banco doméstico do Credit Suisse, ao mesmo tempo em que elimina a marca no país, disseram pessoas a par do assunto. O anúncio pode ser feito com a apresentação dos resultados neste 31 de agosto.
Além de garantir uma tranquila transição de milhões de contas de varejo, a decisão também afeta milhares de empregos. Cerca de 30% da equipe combinada do megabanco está na Suíça, embora isso inclua funcionários que moram no país, mas trabalham em funções corporativas ou na gestão de patrimônio e ativos.
Globalmente, entre as empresas combinadas, a expectativa é que 35 mil empregos sejam eliminados, a maioria deles no Credit Suisse. Funcionários já foram informados de que devem esperar três rodadas de demissões neste ano, incluindo duas provisoriamente planejadas para setembro e outubro, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. Ermotti disse em junho que 10% da equipe do Credit Suisse já havia saído desde a aquisição.
Executivos do UBS estimaram desde o início que poderiam poupar US$ 8 bilhões em custos, com cerca de US$ 6 bilhões provenientes de demissões, e cerca de US$ 2 bilhões, em tecnologia da informação (TI) e outras infraestruturas. Com cinco meses digerindo o acordo, o UBS poderá fornecer números mais detalhados nesta quinta sobre o preço da integração e quanto acabará ganhando.
-- Com a colaboração de Myriam Balezou.
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