Três companhias aéreas lideram os retornos de títulos privados na América Latina

Títulos da dívida da Latam, da Avianca e da Aeromexico estão entre os melhores retornos em 2023, segundo dados da Bloomberg

Avião no aeroporto internacional do Chile
Por Leda Alvim - Maria Elena Vizcaino
21 de Dezembro, 2023 | 02:37 PM

Bloomberg — Os gestores que apostaram neste ano em dívida de companhias aéreas latino-americanas obtiveram — na sua maioria — bons resultados, com potencial para mais ganhos pela frente, em meio a uma recuperação econômica que deve impulsionar a demanda por viagens.

Os títulos da Latam, da Avianca e da Aeromexico registraram alguns dos melhores retornos entre as empresas latino-americanas até 20 de dezembro, de 26% em média, mais de três vezes maior do que o ganho para dívida de aéreas de alto risco como um todo, segundo dados compilados pela Bloomberg.

PUBLICIDADE

Apesar do salto nos preços dos títulos, os altos rendimentos que eles ainda oferecem fazem com que valha a pena mantê-los, disse Valentina Chen, codiretora de mercados emergentes da empresa de investimentos Mackay Shields em Londres.

“Um rali seria bom, mas só a estabilidade também é uma coisa boa. Somos remunerados”, disse Chen. “Quando as taxas de juros na América Latina começarem a diminuir, isso aumentará ainda mais a demanda por viagens.”

Com a flexibilização monetária em 2024, a economia da América Latina deverá crescer 2,2%, de acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional. O tráfego aéreo de passageiros na região já atingiu níveis pré-pandemia este ano, segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo.

PUBLICIDADE

“As economias continuarão a se recuperar e o câmbio provavelmente estará a favor dos consumidores”, disse Sergey Goncharov, gestor da Vontobel Asset Management em Miami.

Latam, Avianca e Aeromexico aproveitaram processos de recuperação judicial para cortar bilhões de dólares de dívidas de seus balanços. No final de setembro, seus níveis de alavancagem eram muito inferiores aos de seus pares norte-americanos e tinham caído em relação aos níveis de 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

“Eles saíram muito mais fortes porque reduziram dívida e melhoraram a estrutura de capital”, disse Carolina Chimenti, analista de crédito da Moody’s.

PUBLICIDADE

As brasileiras Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), que evitaram recuperação judicial, têm coeficientes de alavancagem mais elevados do que em 2019, segundo os dados. Apesar disso, a Azul tem proporcionado aos investidores retornos excelentes. O título mais líquido da empresa, emitido como parte de sua reestruturação de dívida este ano, teve um ganho de 8,5% desde então.

Restructurings Helped Some Latin America Airlines Cut Debt |

A história é diferente para a Gol, que anunciou este mês seu 12º plano de gestão de passivos. As notas mais líquidas da empresa ficaram atrás de seus concorrentes latino-americanos, com perdas de 20%, enquanto operadores se preocupam com a forma como a empresa pagará um título com vencimento em 2025. A empresa tinha cerca de R$ 20,3 bilhões de dívida total no final de setembro, estima a Fitch.

“Quero ver como eles vão lidar com essas coisas na prática”, disse Ray Zucaro, diretor de investimentos da RVX Asset Management, se referindo à situação da Gol. “Os detentores de títulos aqui estão nesta terra de ninguém desconhecida.”

PUBLICIDADE

A Avianca não respondeu a um pedido de comentário, enquanto Azul e Latam apontaram para guidance já publicado. A Aeromexico confirmou que cortou dívida durante sua recuperação judicial, e um representante da Gol não quis comentar.

Apesar da virada da Avianca, Latam e Aeromexico, as companhias aéreas continuam vulneráveis a choques externos e altamente dependentes do ciclo econômico, escreveram os analistas da Fitch em relatório de 14 de dezembro.

“As companhias aéreas ainda passam por grandes ajustes”, disse Goncharov, da Vontobel. “Para os investidores em títulos, o espaço aéreo provavelmente será mais um nicho, em vez de um foco maior.”

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Por que este chefe de economia do BofA ficou ainda mais otimista com o Brasil

Intel vê benefício em concorrência e aposta em PC ‘pronto para IA’, diz VP global

Vibra contrata JPMorgan após rejeitar fusão com Eneva, dizem fontes