Bloomberg — Investidores aumentaram suas apostas sobre o ritmo dos futuros cortes nas taxas de juros do Federal Reserve depois que o banco central dos EUA reduziu seu índice de referência em meio ponto percentual nesta quarta-feira (18).
O mercado agora precifica cerca de 70 pontos base de cortes combinados nas duas reuniões de política monetária restantes deste ano. As projeções do Fed - conhecidas como gráfico de pontos ou dot plot - mostram que uma estreita maioria dos diretores é favorável à redução das taxas em pelo menos mais meio ponto percentual em 2024.
Isso indica que os traders estão mais uma vez à frente do Fed na pressão por custos de empréstimos mais baixos, mesmo depois que os formuladores de política monetária deram início ao seu ciclo de flexibilização com um movimento maior do que o previsto pela maior parte do mercado.
Traders mantiveram suas apostas de aumento na flexibilização mesmo depois que o presidente Jerome Powell deixou claro na tradicional entrevista coletiva que sucede a reunião que a decisão de quarta-feira não era indicativa do ritmo futuro dos cortes.
Esses comentários foram suficientes para aumentar os yields do Tesouro em toda a curva, deixando o rendimento de dois anos, mais sensível à política monetária, pouco alterado após uma queda anterior.
Para Jamie Patton, codiretor de taxas globais do TCW Group, os traders estão corretos ao precificar mais cortes nas taxas do que as autoridades do Fed sugeriram em seu gráfico de pontos.
“Historicamente, o mercado tem feito um bom trabalho ao prever a quantidade e o ritmo dos primeiros cortes”, disse.
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“No entanto, nos três ciclos mais recentes, as taxas subestimaram muito o valor total dos cortes. Acreditamos que desta vez não será diferente, e veremos o mesmo tema novamente neste ciclo.”
A maioria dos analistas projetava que o Fed reduziria as taxas em um quarto de ponto nesta quarta-feira. Entretanto alguns economistas - incluindo os do JPMorgan Chase e os da Bloomberg Economics - esperavam uma mudança de meio ponto. Os traders tinham precificado chances quase iguais para que o Fed realizasse o corte maior.
As previsões trimestrais atualizadas das autoridades do Fed mostram que a mediana das projeções apontam que a taxa dos fundos caia até o final deste ano para 4,375%, o que representa mais meio ponto do total de reduções deste ano - a taxa está agora entre 4,75% e 5,00%. Até o final de 2025 e 2026, as previsões medianas são de 3,375% e 2,875%, respectivamente.
“O fato de o gráfico de pontos não sugerir mais movimentos de 50 pontos base alimenta ainda mais a narrativa de que esse é um começo - e proativo -, e não uma tendência”, disse Nathan Thooft, gestor sênior de portfólio da Manulife Investment Management em Boston.
“Provavelmente, isso também sugere que eles se arrependem de não terem começado a cortar a taxa com 25 pontos base na última reunião.”
As probabilidades de cortes nas taxas sugeridas pelo mercado mostram um caminho ainda mais agressivo para o Fed, colocando a taxa abaixo de 3% em julho de 2025.
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O que os estrategistas da Bloomberg estão dizendo:
“Embora a reação inicial seja dovish, os mercados já precificaram tanta coisa que é difícil ver muita vantagem para a renda fixa.”- Cameron Crise, estrategista de macro.
Reação nos Treasuries
Os rendimentos das notas de dois anos do Tesouro americano pouco se alteraram, depois de terem caído anteriormente sete pontos base, para cerca de 3,54%. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de prazos mais longos, por outro lado, subiram.
Os movimentos acontecem depois de uma recente recuperação da dívida do governo dos EUA - antes da decisão do Fed em setembro -, que colocou um indicador da Bloomberg de títulos do Tesouro em curso para um quinto mês consecutivo de ganhos.
“Estamos dizendo aos clientes que entrem no mercado de títulos”, disse Bob Michele, chefe global de renda fixa do JPMorgan Asset Management, à Bloomberg Television. “Os rendimentos estão caindo.”
Um indicador importante do dólar norte-americano caiu até 0,50%, para o nível mais baixo desde o início de janeiro, antes de reduzir o movimento.
- Com a colaboração de Michael Mackenzie, Anya Andrianova, Edward Bolingbroke e Carter Johnson.
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