Títulos da América Latina perdem força com alta do dólar e ficam atrás dos da Ásia

Títulos asiáticos que contam com moedas que têm resistido bem à atual tendência de baixa tiveram resultado têm tido resultado melhor neste trimestre do que os do Brasil

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Bloomberg — Os títulos de países emergentes asiáticos, excluindo China, superaram os da America Latina e outros países em desenvolvimento neste trimestre, e a expectativa é de que o desempenho superior vai continuar graças a uma menor correlação com os retornos (yields) dos títulos nos Estados Unidos.

Além desse descolamento em relação às Treasuries, os títulos asiáticos contam com moedas que têm resistido bem à atual tendência de baixa que afetou divisas como o real, e eles também se beneficiam mais diretamente da quede de preços dos produtos exportados pela China.

A correlação média de 90 dias entre os yields nos países emergentes asiáticos, excluindo China, e os títulos do Tesouro americano é próxima de zero. Em comparação, a mesma medida é de 0,36 para a América Latina, de acordo com os cálculos da Bloomberg.

Apesar do rápido salto dos yields nos EUA, “na Ásia, há um vento frio contra-cíclico vindo da China, que tem um impacto muito mais significativo nas economias asiáticas emergentes”, disse Rajeev De Mello, gestor de portfólio macro global da Gama Asset Management, em Genebra.

Esta tendência poderá levar os investidores a repensar suas apostas em dívida de mercados emergentes.

Queda dos juros

Os bancos centrais do Chile, Brasil e Hungria começaram a reduzir juros, enquanto Peru, Colômbia, México, República Checa e Polônia deverão juntar-se ao movimento de flexibilização ainda este ano, segundo economistas sondados pela Bloomberg.

Em contraste, espera-se que os bancos centrais da Indonésia, Filipinas, Tailândia, Malásia, Índia e Coreia do Sul mantenham os juros inalterados este ano.

Uma média dos yields de 10 anos nos emergentes asiáticos, excluindo China, subiu 0,17 ponto percentual neste trimestre, ante 0,40 na América Latina, de acordo com cálculos da Bloomberg. Os yields sobem a medida que os títulos se depreciam.

Na América Latina, as moedas também tiveram um desempenho inferior, caindo pelo menos 2,4% em relação ao dólar neste trimestre, enquanto as moedas asiáticas caíram cerca de 2,3%. A força relativa das moedas da Ásia ajuda a aumentar o apelo dos ativos da região.

Os títulos asiáticos estão ancorados por vários fatores, incluindo uma perspectiva estável ou favorável de emissões, bem como uma visão dovish dos juros, disse Frances Cheung, estrategista do Oversea-Chinese Banking Corp. em Singapura.

“Apesar dos diferenciais de yields comprimidos em relação aos Treasuries, esses diferenciais podem permanecer estreitos”, acrescentou ela.

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