Bloomerg — A queda nas ações causada pelo frenesi em torno de uma nova classe de medicamentos para perda de peso começa a tornar as empresas que atendem aos apetites dos consumidores muito mais atraentes, de acordo com o banco de investimento RBC Capital Markets.
Nomes icônicos como Hershey (HSY), Coca-Cola (COKE), juntamente com o fabricante de pretzels Utz Brands (UTZ) e o produtor de vinho Napa Valley, Duckhorn Portfolio (NAPA), registraram perdas de dois dígitos este ano, devido às preocupações de que as pessoas que tomam medicamentos GLP-1 - uma classe de medicamentos usados no tratamento de diabetes e obesidade - vão reduzir seus excessos.
A “tese de que o GLP-1 vai provocar perdas para as empresas foi longe demais”, deixando os valuations baratos e aumentando o apelo das ações de produtos de consumo, de acordo com analistas da RBC, incluindo Nik Modi.
“Embora de maneira alguma estejamos livres de pressões do consumidor, acreditamos que o setor começa a parecer mais atraente dada a opinião sobre o GLP-1″, escreveram os analistas em uma nota na sexta-feira (20), acrescentando que preocupações macroeconômicas, uma recuperação mais lenta nas unidades vendidas, riscos geopolíticos e o aumento das taxas de juros também contribuíram para a queda este ano.
As ações de bens de consumo no índice S&P 500 sofreram sua pior queda de um dia desde janeiro no início deste mês, após um alerta do Walmart (WMT) de que a demanda por compras de alimentos já estava sendo afetada pelos medicamentos. Embora o índice tenha se recuperado desde então, o setor teve um desempenho significativamente inferior ao índice geral em 2023.
O índice de produtos de consumo de grande capitalização, que inclui empresas como PepsiCo (PEP) e Mondelez International (MDLZ), fabricante de biscoitos Oreo, está no nível mais barato desde o início da pandemia de covid-19 no início de 2020 em relação ao preço-lucro para os próximos dois anos.
Uma equipe global de analistas da RBC afirmou na quinta-feira (19) que as preocupações atuais sobre o alcance dos medicamentos em certas partes do setor de saúde e outros setores estão “provavelmente exageradas e talvez no auge”.
Eles mencionaram o feedback de médicos que sugere evidências de intolerância em alguns pacientes, sinais de menor conformidade em comparação com outras terapias e a acessibilidade dos medicamentos.
Enquanto isso, as empresas de produtos de consumo tentaram aliviar as preocupações dos investidores. A PepsiCo, em sua recente teleconferência de resultados, disse que o impacto dos GLP-1s em seus negócios tem sido “negligenciável” até agora.
A Conagra Brands (CAG) afirmou que é “muito cedo para dizer” qual será o impacto dos medicamentos supressores do apetite e que uma possível mudança nos hábitos alimentares impulsionada pelos GLP-1s levaria muitos anos para se materializar.
A RBC não foi a única a defender o setor de produtos de consumo. Na quinta-feira, o analista da TD Cowen, Robert Moskow, escreveu que não vê sinais de compressão de volume devido aos medicamentos GLP-1 em seus dados de rastreamento de varejo, pelo menos por enquanto.
Ele afirmou que a queda nas ações de bebidas, em particular, é exagerada, considerando que a maior parte do consumo de bebidas é para hidratação, em vez de saciedade.
Os analistas da RBC liderados por Modi acrescentaram que os temores em torno do setor de produtos de consumo frequentemente se mostraram exagerados.
O caso da Beyond Meat (BYND), que chegou a levantar questões sobre o futuro da carne tradicional, é um exemplo. Hoje, a empresa e seus concorrentes à base de plantas lidam com vendas em declínio.
Em outro exemplo, a compra da Whole Foods Market pela Amazon (AMZN) em 2017 parecia destinada a revolucionar a experiência de compras de supermercado. No entanto, os analistas apontam que o Walmart continua sendo o líder da indústria.
Os investidores podem esperar ouvir mais sobre o assunto das empresas de alimentos e bebidas na próxima semana, com a divulgação dos balanços da Coca-Cola em 24 de outubro e da Keurig Dr Pepper (KDP) e da Hershey na quinta-feira (26).
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