Depois da Moody’s, S&P também rebaixa a nota de crédito de bancos americanos

Agência de classificação de risco colocou algumas instituições financeiras do país em perspectiva negativa e citou pressões que dificultam as condições das empresas

Pedestre em frente à Bolsa de Valores de Nova York
Por David Scheer
22 de Agosto, 2023 | 09:48 AM

Bloomberg — Duas semanas depois de a Moody’s Investors Service ter abalado ações do setor financeiro ao cortar as notas de crédito de uma série de bancos dos EUA, a S&P Global Ratings rebaixou e colocou vários outros com perspectiva negativa, ao citar uma combinação semelhante de pressões que “dificultam” a vida das instituições financeiras.

A S&P reduziu seu rating em um nível para KeyCorp, Comerica, Valley National Bancorp, UMB Financial e Associated Banc-Corp, disse a agência em comunicado na segunda-feira (21), destacando o impacto das taxas de juros mais altas e as oscilações de depósitos em todo o setor.

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A S&P também colocou o River City Bank e o S&T Bank com perspectiva negativa e disse que sua visão para o Zions Bancorp permanece negativa após a revisão.

Muitos correntistas “transferiram seus fundos para contas com juros mais elevados, aumentando os custos de financiamento dos bancos”, escreveu a S&P em nota que resume as medidas. “O declínio nos depósitos comprimiu a liquidez de muitos bancos, enquanto o valor dos seus títulos — que constituem uma grande parte da liquidez — caiu.”

A Moody’s cortou as notas de crédito de 10 bancos dos EUA no início deste mês e alertou que poderá rebaixar a classificação de outros como parte de uma análise abrangente das crescentes pressões sobre o setor.

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Desde então, o índice KBW que segue as principais instituições financeiras dos EUA caiu quase 7%, rumo ao seu pior desempenho mensal desde que o colapso de três bancos regionais em março provocou uma onda vendedora generalizada.

O ciclo de aperto monetário do Federal Reserve tem pressionado muitos bancos de pequeno e médio portes que, durante anos, pagaram pouco para atrair depósitos de clientes que financiam empréstimos e outros ativos em seus balanços.

Consumidores e empresas têm agora mais oportunidades de obter maiores rendimentos no mercado. Com isso, os depósitos não remunerados encolheram 23% nos últimos cinco trimestres, segundo a S&P.

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À medida que perdem depósitos, os bancos podem substituí-los por formas mais caras de financiamento, como depósitos intermediados, ou enxugar seus balanços por meio da venda de ativos criados num ambiente de taxas mais baixas, isolando perdas daqueles que se desvalorizaram.

De qualquer forma, esse cenário afeta os lucros.

A expectativa é a de que essas pressões levem mais bancos a acordos destinados a reforçar as suas finanças. Em julho, o banco regional PacWest Bancorp, com sede em Beverly Hills, que vendia ativos para reforçar a liquidez, concordou em ser comprado por um rival de menor porte, o Banc of California, para ajudar a enfrentar a turbulência.

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Bancos segurados pelo governo federal registravam mais de US$ 550 bilhões em perdas não realizadas sobre seus títulos disponíveis para venda e mantidos até o vencimento em meados do ano, disse a S&P.

No longo prazo, a situação poderá piorar para os bancos se o Fed mantiver as taxas elevadas por mais tempo do que o previsto, o que poderia corroer ainda mais o valor dos empréstimos a tomadores que precisam de refinanciamento.

“Embora muitos indicadores de qualidade dos ativos ainda pareçam benignos, as taxas mais elevadas pressionam os tomadores de empréstimos”, escreveu a S&P. “Bancos com exposições significativas a imóveis comerciais, especialmente em empréstimos para escritórios, poderão enfrentar algumas das maiores tensões.”

-- Com a colaboração de Abhishek Vishnoi.

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