Sinais apontam para ‘buying opportunity’ na bolsa, diz Stulhberger, da Verde

Gestor voltou a destacar nesta quarta-feira (20) em evento da Hedge Investments as oportunidades na bolsa brasileira, que já acumula queda de 5% em 2024

Luis Stuhlberger, sócio e gestor da Verde Asset Management
20 de Março, 2024 | 11:32 AM

Bloomberg Línea — A bolsa brasileira tem queda da ordem de 5% no acumulado de 2024, desempenho inferior ao de índices globais como S&P 500 e Stoxx 600. É uma das piores performances entre os principais mercados. O fluxo estrangeiro também está negativo, na contramão de movimentos vistos no passado.

Os sinais, contudo, apontam para uma oportunidade de compra na avaliação de Luis Stuhlberger, sócio e gestor da Verde Asset.

“Normalmente, um sinal de que a bolsa está cara é a grande quantidade de IPOs - mesmo que a gente não saiba se vão ser bons ou ruins. Mas agora não está acontecendo nada do tipo, nem follow-on, um sinal de que é buying opportunity”, disse ele nesta quarta-feira (20) em evento da Hedge Investments em São Paulo.

Stuhlberger reconheceu, contudo, que não sabe explicar o forte movimento de saída do investidor internacional, que já soma R$ 24 bilhões em 2024. “O estrangeiro sabe comprar no contrafluxo, na baixa, e isso não está acontecendo neste ano; eu não tenho explicação para isso”, disse.

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Em carta aos cotistas divulgada neste mês, a Verde destacou um contexto positivo para a performance dos ativos brasileiros.

“A conta corrente permanece num excelente equilíbrio, a inflação está bem comportada, as perspectivas de crescimento para o ano têm potencial melhora caso se confirme um ciclo de crédito mais robusto, e as contas fiscais no curto prazo estão em situação razoável (ressalvadas as preocupações de médio prazo)”, escreveu a gestora.

No multimercado carro-chefe da casa, a Verde manteve para março suas alocações na bolsa brasileira e em juros reais e adicionou uma pequena alocação aplicada em prefixados, à espera da queda das taxas de juros.

Em fevereiro, o Verde FIC FIM teve ganhos de 0,89%, ante variação de 0,80% do CDI. Já no acumulado do ano fundo avança 0,62%, ante um benchmark de 1,78% do principal benchmark de renda fixa.

Competição com produtos isentos

Um ambiente de juros ainda elevados tem contribuído para uma maior atratividade de produtos de renda fixa, em especial aqueles isentos de Imposto de Renda.

Essa concorrência tirou parte do brilho dos multimercados, que somaram saída líquida (aportes menos resgates) de R$ 22,4 bilhões nos dois primeiros meses de 2024, de acordo com dados da Anbima.

“Já saiu muito dinheiro de multimercados para produtos isentos, mas ainda tem mais para sair”, disse.

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Stuhlberger contou que esperava que os maiores bancos do país baixassem as taxas das Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) com as mudanças anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) – algo que não aconteceu.

É possível encontrar hoje no mercado debêntures de infraestrutura que pagam IPCA+6% ou IPCA+6,2%, “o que é muito juro”. Há ainda uma competição muito forte com LCIs e LCAs que pagam entre 98% e 99% do CDI, disse. “São ativos emitidos em condições extremamente favoráveis para o investidor.”

Apesar dos retornos considerados atrativos, Stuhlberger afirmou que o investidor pessoa física deve ter cuidado antes de investir em produtos de crédito privado – mesmo os com ratings mais elevados –, dado que carregam um risco não visto em produtos mais conservadores como títulos públicos de alta liquidez.

“No geral, as emissões têm sido de boa qualidade. Mas vai aparecer problema, porque em crédito com longa duration e projetos de infraestrutura os problemas aparecem”, disse. E completou: “Sair de um título público com duration zero para algo com lastro de crédito privado e duration longa é uma curva de aprendizado.”

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.