Santander Asset está ‘neutra’ em Brasil à espera de Fed e BC, diz Eduardo Jarra

Chefe de economia e estratégia da gestora do Santander diz à Bloomberg News que está mais difícil sustentar a previsão de Selic de 8,5% ao final do ciclo de cortes neste ano

Sede do Santander Brasil, em São Paulo: gestora tem portfólio de R$ 330 bilhões sob gestão em patrimônio local
Por Barbara Nascimento
25 de Março, 2024 | 04:41 PM

Bloomberg — Um conjunto de incertezas externas e locais tem feito com que a Santander Asset mantenha seu portfólio de R$ 330 bilhões em patrimônio local sob gestão próximo do neutro em ativos brasileiros.

A gestora quer mais convicção sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed), no cenário internacional, e aguarda as próximas comunicações do Banco Central no âmbito local, sobretudo a ata do Copom, diz Eduardo Jarra, chefe de economia e estratégia da Santander Asset, em entrevista à Bloomberg News.

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Segundo ele, a gestora quer ver no documento do BC o detalhamento das incertezas domésticas incluídas no comunicado da última quarta-feira, sobretudo a visão sobre os dados forte de atividade em janeiro, que surpreenderam o mercado.

“Precisamos entender o que esses dados indicam: estamos em uma trajetória de atividade que pode ser um problema para o BC? É sob essa ótica que vamos avaliar os próximos dados”, diz.

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Jarra avalia que a decisão tornou mais difícil sustentar a previsão de Selic terminal da asset, de 8,5% neste ano. O Banco Central optou por retirar o plural “próximas reuniões” do forward guidance, passando assim a sinalizar apenas uma reunião à frente.

Ele diz que aguarda mais detalhes vindos da ata e também do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quinta-feira, para revisar o número. “Vamos esperar no mínimo a comunicação completa do BC”, diz ele, “mas tanto pelo Copom, quanto por conjuntura, tem claro viés altista na projeção”, diz.

Para o estrategista, o último Copom adicionou uma incerteza em relação ao que será feito na reunião de junho - na qual vê chances iguais de um corte de 0,50 ou de 0,25 ponto percentual (pp), por enquanto.

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Mas já parece provável que o ritmo de corte de juros pelo BC brasileiro diminua para 0,25 pp a partir de julho. Para Jarra, se os números fortes de atividade econômica de janeiro se mostrarem estruturais, isso deve deixar o BC mais próximo da estratégia americana, dependente de dados.

Ele diz que, à medida que a discussão sobre mudança no guidance começou a criar força, somada à incerteza externa e a números de atividade que surpreenderam o mercado pra cima, optou por uma posição próxima do neutro na renda fixa — tanto nominal quanto real —, estratégia que carrega desde o início do ano e que manteve intacta depois do Copom.

Para bolsa e câmbio, Jarra afirma que a “direção é de compra”, uma vez que há componentes estruturais sustentando o real brasileiro, com uma balança comercial forte. Na B3, o cenário é positivo, de continuidade dos cortes de juros aqui e início da flexibilização nos EUA. “Precisamos do suporte do cenário global”, diz ele.

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