Santander Asset adota cautela com Trump e vê Selic em 14,75% ao ano

Gestora vê risco relevante de recessão nos EUA por causa de guerra comercial, disse Eduardo Jarra, estrategista e economista-chefe da gestora, em entrevista à Bloomberg News

Bloomberg
Por Barbara Nascimento
09 de Abril, 2025 | 02:42 PM

Bloomberg — O Banco Central deve promover apenas mais uma alta de juros e encerrar o ciclo de aperto com a Selic em 14,75% ao ano, devido ao risco “relevante” de recessão nos EUA pela guerra comercial, disse Eduardo Jarra, estrategista e economista-chefe da Santander Asset Management.

A gestora tinha anteriormente um viés de alta para essa estimativa, com a visão de que a taxa básica poderia caminhar até os 15,25% ao ano. “Tiramos esse viés”, afirmou Jarra em entrevista na sede da gestora em São Paulo.

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Ele vê tendência de baixa para a atividade e a inflação no Brasil como efeitos das tarifas impostas por Donald Trump - que tendem a se sobressair em relação a fatores domésticos que exigiriam mais juros, como o desempenho do agronegócio e do mercado de trabalho e as incertezas sobre o tamanho do impulso fiscal.

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O cenário de juros da Santander Asset assume mais uma alta de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Copom, prevista para 7 de maio.

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Atualmente, o mercado embute chance maior de que o juro básico irá até cerca de 15%, de acordo com precificação extraída dos contratos de juros futuros negociados na B3. Esta é a mesma mediana das estimativas dos economistas na pesquisa Focus do BC.

Posicionamento

Jarra conta que a gestora adotou um posicionamento defensivo e enxugou a exposição a risco tanto em apostas em ativos brasileiros quanto internacionais para chegar com posição neutra no dia 2 de abril, quando Donald Trump divulgou tarifas a dezenas de países.

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Atualmente, a gestora possui um viés negativo para o mercado de câmbio e a bolsa locais, diz.

A gestora, que detém R$ 362 bilhões em ativos sob gestão, está em processo de “digestão e avaliação” do cenário e tem “hipóteses” que quer testar agora no mercado, de forma a construir novas posições para navegar, segundo Jarra.

“Temos que medir o efeito econômico e, a partir disso, no mercado”, afirmou o estrategista, sobre o impacto das tarifas.

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Jarra estima que retaliações mais significativas devem vir da União Europeia e da China — que já anunciaram medidas. Agora, o mundo deve entrar no modo negociação com os EUA.

“Temos a esperança de que a gente consiga baixar um pouco a temperatura”, disse.

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