Risco-país na América Latina: Argentina tem melhora, e Brasil fica estável

O país de Javier Milei teve uma queda de 1.135 pontos no spread soberano durante 2024; o Uruguai é visto como o mercado mais seguro e a Venezuela tem a pior avaliação do continente

Vista aérea do complexo Rochaverá Corporate Towers, na zona sul de São Paulo (Foto: CBRE/Divulgação)
21 de Novembro, 2024 | 02:23 PM

Bloomberg Línea em Buenos Aires — Ao observar o risco-país dos Estados latino-americanos, pode-se analisar que, durante 2024, os títulos soberanos do Equador e, principalmente, da Argentina apresentaram uma melhora notável em relação ao fim de 2023.

O país governado por Javier Milei recebeu um choque de confiança, e os instrumentos emitidos pelo governo sofreram uma forte recuperação nos últimos meses: o spread soberano argentino fechou em 14 de novembro de 2024 em 772 pontos, quando no início do ano estava em 1.907.

Essa queda nos rendimentos permite que o país sul-americano espere um retorno aos mercados internacionais para refinanciar sua dívida.

Enquanto isso, El Salvador, que até 2022 tinha um indicador semelhante ao do Equador, agora tem um terço do risco soberano do país e pode até se dar ao luxo de ir ao mercado internacional em 2024.

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O Uruguai e o Chile continuam a ser os emissores mais seguros de acordo com essa métrica, enquanto o México está no meio da tabela em uma classificação latino-americana, um pouco abaixo da outra grande potência regional, o Brasil.

Melhora no Equador e na Argentina

A Argentina começou o ano com um risco-país de 1.907, enquanto no final de 15 de novembro de 2024 ele estava em 772 pontos, uma queda marcante, que pode ser explicada pela chegada de um governo pró-mercado de Milei, que gerou entusiasmo entre os investidores, mas também pelo fato de que as autoridades se concentraram em alcançar a consolidação fiscal no primeiro ano.

O Equador, por sua vez, conseguiu reduzir seu risco-país de 2.005 no final de 2023 para os atuais 1.322 pontos. A abordagem favorável ao mercado do presidente Daniel Noboa também foi bem recebida.

Além dessas melhorias substanciais nos dois países, ambos estão bem acima da média do Índice de Títulos de Mercados Emergentes (EMBI, na sigla em inglês) dos países emergentes em todo o mundo (292 pontos).

Venezuela e Bolívia: os piores da região

Os títulos venezuelanos são considerados os piores do mundo e tudo parece indicar que essa situação não mudará enquanto o regime de Nicolás Maduro permanecer no poder.

O EMBI venezuelano está em 20.226 pontos.

O segundo país na pior colocação na região é a Bolívia, cujo risco-país está em 1.942 pontos.

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Brasil e México: risco-país entre os gigantes da região

O Brasil, principal potência econômica da América Latina, fechou o dia 15 de novembro com um risco-país de 204 pontos, praticamente o mesmo valor que tinha no final de 2023 (200 pontos na época).

Na segunda economia regional, o México, o risco-país está em 296 pontos, uma melhora em relação aos 340 que tinha no final do ano passado.

Uruguai, Chile, Peru e Paraguai: os títulos mais seguros da região

Os países com o EMBI mais baixo da América Latina são:

  • Uruguai: 85 pontos
  • Chile: 114 pontos
  • Peru: 148 pontos
  • Paraguai: 154 pontos

Restante da região

Este é o EMBI para o restante dos países latino-americanos:

  • Costa Rica: 201 pontos
  • República Dominicana: 204 pontos
  • Guatemala: 207 pontos
  • Panamá: 259 pontos
  • Colômbia: 319 pontos
  • Honduras: 329 pontos

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