Risco inflacionário do petróleo e dado fraco da Alemanha pesam sobre mercados

Temor de que a alta do preço do barril de cru atrase a pausa no aperto monetário aflige investidores; Queda das encomendas industriais na Alemanha também preocupa

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Barcelona, Espanha — Os mercados se preocupam com os preços do petróleo após a Arábia Saudita e a Rússia estenderem o corte da oferta. O aumento no custo da commodity pode não apenas piorar a inflação global, mas também afetar a demanda chinesa e desacelerar ainda mais a economia. A cotação do dólar também está no centro das atenções, com o Japão e a China em alerta para protegerem suas moedas.

Os futuros de índices dos EUA declinavam, movimento seguido pelas bolsas europeias. Na Ásia, a maioria dos índices fechou com sinais mistos, em meio a ganhos de ações de incorporadores chineses, como a Sunac China Holdings, que avançou quase 70% devido a especulações de que mais estímulos estão por vir.

Na Europa, além do recente retrato de uma indústria combalida na Alemanha, o mercado também recuava devido a sinais mais duros por parte de integrantes do Banco Central Europeu (BCE) sobre a próxima decisão da taxa de juros, no dia 14.

Adicionalmente, a OCDE alertou em um estudo que os riscos para a inflação europeia continuam “inclinados para cima”. “O BCE precisa de continuar a aumentar as taxas de juro durante o tempo que for necessário para colocar a inflação novamente numa trajetória sustentável em direção à meta de 2%”, enfatizava a nota da organização.

O rendimento do título norte-americano para 10 anos subia para 4,260% às 06:44(horário de Brasília). Entre as divisas, o euro se valorizava e a libra se depreciava em relação ao dólar.

A força anterior do dólar levou o Japão a alertar que não descartaria quaisquer opções se os movimentos cambiais continuassem pressionando a divisa. O banco central chinês também tomou medidas para defender o yuan com uma fixação diária de preço mais forte.

Em outros mercados, o bitcoin subia pouco e o ouro declinava, assim como os contratos de petróleo WTI, mas ainda operavam aos redor de US$ 86, perto do nível mais alto desde novembro.

→ O que move os mercados hoje

📳 Acionista de peso. A Saudi Telecom adquiriu 569,3 milhões de ações da Telefónica (TEF) da Espanha, desembolsando US$2,25 bilhões para ter uma participação de 9,9% na companhia, que se prepara para definir uma nova estratégia para o crescimento futuro. A operação ainda precisa de aprovação dos reguladores. As ações da empresa subiam 1,89% em Madri às 6h49 (horário de Brasília).

🤖 Ganhos com IA. O Ernie Bot, a inteligência artificial da chinesa Baidu (BIDU), já atraiu 1 milhão de usuários e subiu ao topo do ranking de aplicativos do país desde que entrou no mercado na última quinta-feira. O lançamento antes do previsto deu novo impulso à empresa, cujo valor de mercado já aumentou em US$ 23 bilhões desde o nível mais baixo de 2022.

🛢️ Risco petróleo. O Goldman Sachs (GS) avalia que a decisão da Arábia Saudita e da Rússia de estender o corte na oferta do produto mostra forte poder de precificação desses produtores e pode levar o preço do barril de Brent a avançar US$ 2, para US$ 86 no final de 2023. Caso os demais países da OPEP+ decidam prolongar o corte na produção anunciado em abril deste ano até o final de 2024, o preço do barril iria a US$ 93, mesmo considerando uma retomada gradual da produção saudita a 10 milhões de barris/dia.

🇩🇪 Indústria mais fraca. Afetadas pela desaceleração da China, as encomendas às fábricas alemãs caíram -11,7% em julho, demonstrando que os problemas da principal economia europeia adentraram o terceiro trimestre de forma mais forte do que era esperado pelo mercado, que previa uma retração de -4,3% no indicador.

🗣️ Sem pistas. Assim como Christine Lagarde, François Villeroy de Galhau, membro do Banco Central Europeu (BCE), evitou sinalizar o rumo da política monetária, embora tenha avaliado que as taxas de juros estão perto do pico. “Nossas opções estão abertas para esta reunião e para as reuniões seguintes”, disse, destacando que manter o custo do dinheiro elevado é mais importante agora do que aumentar as taxas “significativamente.” Hoje Klaas Knot, outro membro do BCE, avisou que os mercados podem estar subestimando as chances de uma alta de juros na próxima semana.

💲 Contágio emergente. O Morgan Stanley (MS) retomou a visão mais pessimista sobre as moedas de mercados emergentes, citando preocupações sobre os riscos de crescimento da China que pesam sobre o yuan e pressionam uma economia global fraca. “Não esperamos uma recuperação significativa no sentimento em relação às perspectivas da China no curto prazo”, escreveram os estrategistas do banco.

🎈 Aposta no gás. A Shell (SHEL) pretende explorar uma série de projetos de exportação de gás natural liquefeito na América do Norte e na África até 2030, começando por uma instalação no Canadá. A empresa aposta no aumento da demanda deste combustível na transição energética.

🟢 As bolsas ontem (05/09): Dow Jones Industrials (-0,56%), S&P 500 (-0,42%), Nasdaq Composite (-0,08%), Stoxx 600 (-0,23%), Ibovespa (-0,38%)

As bolsas recuaram e o dólar atingiu o nível mais alto em cinco meses pela incerteza sobre o rumo dos juros desatada pelo petróleo, que subiu mais após Arabia Saudita e Rússia estenderem o corte de produção, ameaçando piorar a inflação.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

PMI de Construção/Ago: Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália

EUA: Livro Bege, Índice Redbook, Balança Comercial/Jul, Pedidos de Hipotecas-MBA, PMI de Serviços e Composto/Ago, PMI ISM Não-Manufatura/Ago, Estoques de Petróleo Bruto-API

Europa: Zona do Euro (Vendas no Varejo/Jul); Alemanha (Encomendas à Indústria/Jul)

Ásia: Japão (Investimentos Estrangeiros em Ações Japonesas)

América Latina: Brasil (IGP-DI/Ago, Fluxo Cambial Estrangeiro)

Bancos centrais: Discursos de Susan Collins e Lorie K. Logan (Fed), Andrew Bailey (BoE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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