Bloomberg — A Rio Tinto, maior exportadora de minério de ferro do mundo, acredita que as medidas de estímulo crescentes na China vão impulsionar a recuperação gradual da economia global este ano.
A economia da China começou a mostrar sinais de estabilização no início do quarto trimestre, à medida que os gastos com infraestrutura e manufatura ajudaram a compensar a fraqueza prolongada no setor imobiliário em crise, disse a companhia em comunicado nesta terça-feira (16).
A recuperação em 2024 será focada no segundo semestre, com o setor imobiliário se mantendo fraco, acrescentou.
Embora os preços do minério de ferro tenham fechado 2023 cerca de 20% mais altos, eles caíram cerca de 8% até agora neste ano, com preocupações persistentes sobre a demanda chinesa fraca, bem como sobre o setor imobiliário, em dificuldade do país.
A recuperação pós-pandemia decepcionante da maior nação consumidora de metais tem exercido pressão negativa sobre a demanda de aço e os preços do minério de ferro.
“Existe uma boa demanda pelos materiais que produzimos, e nosso propósito e estratégia de longo prazo fazem mais sentido do que nunca”, disse o CEO Jakob Stausholm no comunicado.
Os futuros do minério de ferro cediam 0,1%, a US$ 127,30 por tonelada em Singapura nesta terça. Os futuros em Dalian cediam 0,6%, enquanto o vergalhão em Xangai subia, mas a bobina laminada a quente caía.
A Rio Tinto em 2023
A produção de minério de ferro da empresa para o trimestre encerrado em 31 de dezembro caiu 2%, para 87,5 milhões de toneladas, informou a empresa no comunicado. A produção de bauxita aumentou 15%, alumínio subiu 8% e cobre extraído cresceu 5%, afirmou.
A Rio Tinto precisa investir apenas para manter seu nível atual de produção, especialmente porque espera que a urbanização na Índia e em partes da Ásia impulsione um crescimento adicional.
Embora a empresa preveja que a China – lar da maior indústria siderúrgica do mundo – logo atingirá o pico de consumo, o produtor espera que a demanda global por minério de ferro aumente quase um quarto até 2050.
A mineradora reafirmou o guidance anterior sobre embarques de minério de ferro e produção de metais em 2024. A empresa espera exportar entre 323 milhões e 338 milhões de toneladas de minério de ferro este ano, após ter embarcado 331,8 milhões de toneladas em 2023.
A produção de cobre deve subir e ficar entre 660.000 e 720.000 toneladas, acima das 620.000 toneladas do ano passado.
Em 2023, a mineradora produziu 331,5 milhões de toneladas de minério de ferro, 2% a mais do que no ano anterior. A produção de bauxita ficou estável no período, enquanto a saída de alumínio aumentou 9% e a produção de cobre extraído aumentou 2%.
A Dampier Salt, de propriedade majoritária da Rio Tinto, celebrou um acordo de venda para a operação de sal e gesso do Lago MacLeod, na Austrália Ocidental, com a empresa de sal Leichhardt Industrials por US$ 251 milhões, informou a empresa no comunicado.
Em outubro, Simon Trott, CEO de minério de ferro da empresa, disse que a produtora gastará US$ 70 milhões para aumentar a produção em Gudai-Darri, sua mina mais recente na região de Pilbara, na Austrália Ocidental.
A empresa também está avançando em trabalhos sobre opções futuras, incluindo o desenvolvimento do projeto Rhodes Ridge, que poderia oferecer uma capacidade de 100 milhões de toneladas.
No mês passado, a companhia anunciou que gastará cerca de US$ 6,2 bilhões no desenvolvimento do amplo depósito de minério de ferro de Simandou, na Guiné, um projeto que visa fornecer material de alta qualidade para siderúrgicas em busca de reduzir as emissões.
A primeira produção de sua mina conjunta Simfer está programada para começar em 2025 – mais rápido do que a maioria dos analistas havia previsto – com a produção esperada para aumentar nos 30 meses seguintes para uma capacidade anualizada de 60 milhões de toneladas por ano.
-- Com a colaboração de Liz Yee Xing Ng.
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