Rio Bravo vê recuo do dólar em 2024 com os cortes de juros nos Estados Unidos

Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado, diz à Bloomberg News que câmbio pode ajudar a conter as pressões inflacionárias no Brasil

Escritório da gestora Rio Bravo, em São Paulo
Por Josue Leonel
19 de Janeiro, 2024 | 10:32 AM

Bloomberg — O dólar deve recuar para cerca de R$ 4,50 com o esperado início do alívio monetário nos Estados Unidos, o que ajudará a conter pressões inflacionárias e permitirá juros mais baixos no Brasil, segundo a Rio Bravo Investimentos.

“Um ponto que vai ajudar nos próximos anos é o câmbio”, diz Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo. “O real está se valorizando com o pico dos juros americanos”, afirma ele.

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Segundo Buccini, o dólar pode até cair abaixo desse patamar se o ambiente for mais favorável do que o esperado. Ele prevê que o Federal Reserve (Fed) começará a cortar o juro entre março e maio.

Nos últimos dias, as apostas em queda dos juros americanos em março perderam força com falas de dirigentes do Fed e dados mais fortes que o esperado nos EUA.

As apostas que chegaram a precificar chance de 85%, caíram para cerca de 50% nesta quarta-feira. A reprecificação se estendeu também para a Europa, com alerta da presidente do BCE, Christine Lagarde, e aceleração da inflação no Reino Unido.

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Balança e Selic favorecem

Além da expectativa de reversão do aperto nos EUA, Buccini destaca como favoráveis ao câmbio o fato de a Selic permanecer em nível alto e a balança de pagamentos do Brasil, que está “muito saudável”.

A Rio Bravo espera que o corte da Selic continue em 0,50 ponto percentual por reunião até chegar a 9,25%, no final do ano.

Câmbio é favorecido por perspectiva de corte de juro nos EUA | Valorização do real ajuda a segurar inflação e a reduzir juro

A partir deste nível, ele considera que o BC tende a adotar maior cautela com a resistência da inflação em cair abaixo dos níveis atuais, diante de fatores como a incerteza fiscal e o efeito do clima sobre os alimentos.

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Mesmo o câmbio ainda é um fator de incerteza para a inflação, pois o dólar não necessariamente vai repetir nos anos seguintes a queda esperada para 2024. “Não podemos contar com isso todo ano”, disse o diretor da Rio Bravo.

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