Resiliência do dólar após corte do Fed coloca em xeque apostas contra a moeda

Volume de posições que ganham com a desvalorização do dólar chegava a cerca de US$ 15 bilhões no mercado americano até a semana encerrada em 10 de setembro

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Bloomberg — Os traders que apostam em um dólar mais fraco estão se decepcionando - pelo menos por enquanto -, dado que o dólar permanece resistente mesmo após o corte de meio ponto percentual na taxa de juros do Federal Reserve na última quarta-feira (18).

Apesar de um indicador da Bloomberg do dólar estar encaminhado para uma terceira semana de perdas, a medida foi pouco alterada desde que o Fed anunciou a redução na quarta-feira para o intervalo entre 4,75% e 5,00%. No Brasil, a moeda americana sobe quase 2% nesta sexta, a R$ 5,51.

Os traders especulativos fizeram cerca de US$ 15 bilhões em apostas contra a moeda na semana encerrada em 10 de setembro - a mais recente para a qual há dados disponíveis.

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Taxas de juros mais baixas normalmente pesam sobre a moeda de um país, levando os investidores a aumentar suas apostas contra o dólar.

Nesta sexta-feira (20), novos dados da Commodity Futures Trading Commission revelarão se os gestores de ativos e os fundos hedge mantiveram suas apostas contra a moeda americana nos dias que antecederam a decisão do Fed. O relatório cobrirá a semana que termina em 17 de setembro.

A venda do dólar tem sido moderada desde que o Fed reduziu os custos dos empréstimos, depois de mantê-los estáveis por mais de um ano, provavelmente porque as projeções do banco central sinalizam um caminho mais gradual de flexibilização monetária.

O presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu em seus comentários pós-reunião na quarta-feira que a taxa de juros neutra de longo prazo do Fed - conhecida como R* - provavelmente está mais alta do que antes da pandemia, o que confunde as perspectivas para o dólar no contexto de outras grandes economias globais.

Isso poderia ajudar a manter o dólar fortalecido, de acordo com Kit Juckes, chefe de estratégia cambial do Societé Générale, em uma nota nesta sexta-feira.

Juckes, que estima a taxa neutra nominal dos EUA em pouco menos de 3%, disse que “enquanto a R* na Europa e na Ásia for [muito] mais baixa do que nos EUA, o capital será atraído para o dólar”.

Ainda assim, alguns observadores do mercado dizem que a tão esperada flexibilização monetária deve pesar sobre o dólar no curto prazo, uma vez que os EUA perdem um pouco de sua atratividade com a redução das taxas de juros, que estão em um patamar mais alto há duas décadas.

O preço dos swaps sinaliza cerca de 70 pontos base adicionais em cortes do Fed em 2024, o que levaria a taxa para algo perto de 4%.

“Vimos flutuações como essa ao longo do ano, mas, com a expectativa de mais cortes nas taxas de juros, prevemos um dólar mais fraco em relação às principais moedas até o final do ano”, disse Andy Gage, vice-presidente sênior de soluções de câmbio e serviços de consultoria da empresa de gestão de tesouraria corporativa Kyriba Corp.

-- Com a colaboração de George Lei.

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