Recuperação dos mercados não significa que o tombo acabou, dizem estrategistas

Números históricos mostram que o comportamento de retomada dos mercados após o selloff segue um padrão que já se repetiu diversas vezes

NYSE
Por Richard Henderson
06 de Agosto, 2024 | 09:34 AM

Bloomberg — Uma recuperação dos mercados nesta terça-feira (6) depois de um início de semana de grandes perdas já se tornou um padrão historicamente. A má notícia é que isso não garante que a derrocada tenha atingido o fundo do poço.

O comportamento do investidor durante uma forte tendência de queda costuma começar com um nervosismo na quinta-feira, depois uma corrida para se proteger na sexta e venda generalizada na segunda seguinte, de acordo com Brent Donnelly, trader veterano do mercado americano e presidente da empresa de research Spectra Markets.

Nas terça-feiras, o impulso descendente costuma apontar para uma ligeira reversão, acrescentou.

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Os números históricos apoiam a tese. O padrão já se repetiu 582 vezes desde 1928, com quedas consecutivas entre a quinta-feira e a segunda seguinte, e uma recuperação média de 0,2% na terça, segundo dados compilados pelo estrategista macro Cameron Crise, da Bloomberg.

Quando as perdas intradiárias ultrapassam 1% em cada uma das três sessões anteriores – como aconteceu desta vez –, o ganho médio da terça sobe para 0,63%.

O terreno foi preparado para uma “clássica virada da terça-feira”, disse Donnelly em nota publicada na segunda (5).

Ontem, os dois principais índices da bolsa de Tóquio despencaram mais de 12%, e o selloff se espalhou pelos mercados globais. O índice S&P 500 afundou 3%, a maior queda diária desde setembro de 2022. O índice de volatilidade implícita VIX, conhecido como “indicador do medo”, chegou a registrar um salto recorde.

Nesta terça-feira (6), os dois principais índices de ações do Japão saltaram mais de 9%, o maior ganho desde outubro de 2008.

Mas isso dificilmente será suficiente para apagar o crescente mal-estar generalizado nos mercados financeiros. Investidores que compram e vendem com base em dados quantitativos, como a volatilidade, desfizeram US$ 130 bilhões de apostas em ações nas últimas semanas, e esse processo pode se acelerar nos próximos dias e semanas.

Os investidores que pretendem aproveitar “pechinchas” devem estar cientes de que esta pode ser apenas uma oportunidade de curto prazo.

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“Não espero uma recuperação duradoura”, disse Nick Ferres, diretor de investimentos da Vantage Point Asset Management, em Singapura. “É provável que haja volatilidade até outubro ou novembro.”

Ferres disse que a Vantage Point comprou ações japonesas na segunda-feira quando os preços afundaram, mas acrescentou que “isso é algo mais tático para nós”.

Segundo ele, o movimento de venda foi “impulsivo, rápido e emocional” e ele se arrependeu de não ter comprado mais.

“A magnitude da venda foi tão grande – a correção ao longo de três dias foi equivalente ao que vimos na quebra do mercado de ações de 1987″, disse Ferres. “Em retrospecto, deveríamos ter comprado um pouco mais.”

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