Bloomberg — O minério de ferro já saltou mais de 10% desde que atingiu o fundo do poço em meados de agosto, e a forte recuperação em plena crise da indústria siderúrgica chinesa provoca críticas do setor.
A matéria-prima do aço sobe em meio a uma enxurrada de comentários pessimistas sobre as perspectivas para a demanda chinesa – inclusive da gigante da mineração BHP.
O avanço aumenta a pressão de custo sobre as usinas siderúrgicas em dificuldades da China, segundo um longo artigo sobre os motivos pelos quais a alta parece exagerada no China Metallurgical News, um jornal ligado ao governo.
“O atual aumento de preço do minério de ferro carece de suporte dos fundamentos”, diz o artigo, que chama a alta de “irracional”. Oferta abundante, demanda fraca, estoques altos e custos baixos de mineração devem continuar a pesar sobre a commodity no resto de 2024, acrescentou.
A Baosteel, maior siderúrgica do mundo, disse que o setor enfrenta uma crise pior do que as de 2008 ou 2015.
Os futuros de minério de ferro em Singapura subiram até 1,8% nesta quinta-feira (29), para US$ 102,75. Mas, apesar do salto em relação aos menos de US$ 92 atingidos em 19 de agosto, a commodity ainda acumula queda de cerca de 27% no ano.
Zou Jixin, chairman da Baosteel, disse que as grandes mineradoras estão tendo lucros desmedidos e que a indústria siderúrgica chinesa planeja cortes de produção.
“Devemos repassar a pressão sobre a indústria para o setor” de mineração, disse Zou. “Com as usinas cortando produção, isso certamente reduzirá a demanda por minério de ferro.”
Na terça-feira, a BHP disse que uma grande transição está em andamento na indústria siderúrgica da China, com o fim de décadas de crescimento impulsionado pela construção de imóveis.
Mas, por enquanto, outros setores como transporte, infraestrutura e construção naval, junto com as exportações de aço, têm ajudado a compensar o declínio.
A gigante da mineração australiana disse que o minério de ferro tem suporte em uma faixa entre US$ 80 e US$ 100 a tonelada, um nível no qual muitos produtores de alto custo na China, Índia e outros países terão que considerar interromper produção.
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