Bloomberg — A Allianz Global Investors se prepara para reverter as apostas na alta do dólar no início do próximo ano, dizendo que a China provavelmente responderá às ameaças de tarifas comerciais de Donald Trump.
Greg Hirt, diretor de investimentos de estratégias multimercado da AllianzGI, disse que os mercados não estão preparados para tarifas retaliatórias que poderiam prejudicar a economia dos Estados Unidos e impedir que o dólar se fortaleça ainda mais. Ele vê um risco de que isso aconteça logo após a posse de Trump em 20 de janeiro de 2025.
O dólar tem se recuperado com a expectativa de que Trump imponha tarifas mais altas sobre seus principais parceiros comerciais, o que estimularia a inflação nos EUA e limitaria a capacidade do Federal Reserve de cortar as taxas de juros. Um índice da força do dólar atingiu o maior valor em dois anos e muitos esperam que ele continue a subir.
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“É bem possível que no primeiro trimestre do próximo ano comecemos a ver um movimento contrário” em relação ao dólar, disse Hirt. Isso “pegará muitos de surpresa, porque não é nada do que se esperava.”
Trump disse que vai impor tarifas adicionais de 10% sobre os produtos da China e de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá, segundo posts em sua rede social Truth na segunda-feira (25).
Na terça-feira, a China respondeu defendendo seu histórico e se absteve de mencionar qualquer retaliação planejada.
Hirt disse que as tarifas retaliatórias teriam um impacto desproporcional sobre o dólar porque o mercado tem se posicionado fortemente a seu favor.
Os traders aumentaram as apostas nos ganhos do dólar na semana encerrada em 19 de novembro, para o nível mais alto desde o final de junho, segundo dados da Commodity Futures Trading Commission.
A AllianzGI, que tem US$ 590 bilhões em ativos sob gestão e é propriedade do grupo global de serviços financeiros Allianz, procura reverter algumas das posições compradas em dólar que mantém desde antes da eleição presidencial dos EUA.
Uma queda do euro abaixo do patamar de US$ 1,05 poderia proporcionar essa oportunidade, já que Hirt diz que é improvável que a moeda atinja a paridade com o dólar.
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A moeda comum também pode receber um impulso de uma economia alemã mais forte se o governo que vencer a eleição antecipada em fevereiro anunciar medidas de estímulo.
Friedrich Merz, que lidera o partido à frente nas pesquisas, indicou que poderá reformar as restrições do país em relação a empréstimos, o que poderia abrir as portas para investimentos necessários.
“As eleições na Alemanha podem surpreender positivamente os mercados”, disse Hirt, que acrescentou que aumentou sua posição de sobreponderação em títulos europeus após a votação nos EUA. “Isso poderia tirar toda a Europa de um ambiente potencialmente recessivo.”
Hirt também favorece apostas no iene, pois disse acreditar que o Banco do Japão poderia aumentar as taxas de juros já no próximo mês, em dezembro.
Ele disse gostar dos ativos do Reino Unido, pois o crescimento econômico da Grã-Bretanha tem sido mais forte do que o da zona do euro e o cenário político parece ter se estabilizado.
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