Pressão do governo sobre a Petrobras chega ao querosene de aviação

Companhias aéreas estão na mira do governo devido ao aumento das tarifas, mas alegam que dependem dos custos dos combustíveis, nas mãos da Petrobras

Trabajadores de Petrobras cargan combustible en una aeronave
Por Daniel Carvalho
21 de Novembro, 2023 | 12:22 PM

Bloomberg — Os preços do querosene de aviação são a mais recente fonte de pressão sobre a Petrobras (PETR3; PETR4), em meio ao aumento da insatisfação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a estratégia de preços da estatal.

Os ministros de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e do Turismo, Celso Sabino, estão particularmente preocupados com os custos, que impulsionaram os preços das passagens aéreas.

PUBLICIDADE

As companhias aéreas estão na mira do governo devido ao aumento das tarifas, mas elas alegam que, em última análise, dependem dos custos dos combustíveis – que estão nas mãos da Petrobras.

“Estamos em um trabalho de combate aos preços abusivos das passagens”, disse Costa Filho em entrevista por telefone à Bloomberg News nesta terça-feira (21). O querosene de aviação responde por cerca de 40% do custo de voo no Brasil, enquanto no mundo é cerca de 20%”, disse ele.

Os dois ministros se juntam a um coro para que a estatal alinhe sua estratégia com os esforços para combater a inflação e impulsionar a economia, algumas das principais promessas eleitorais de Lula. A insatisfação com o presidente da empresa, Jean Paul Prates, cresce dentro do governo, segundo pessoas a par da situação.

PUBLICIDADE

Costa Filho e Sabino se reuniram na segunda-feira (20) com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para discutir os preços do combustível de aviação, após a falta de resposta da Petrobras às preocupações dos ministros, disse Costa Filho.

Em outubro, as tarifas aéreas aumentaram quase 24% em relação ao mês anterior, com aumento dos combustíveis e também devido aos preços mais elevados relacionados a férias de Natal. No geral, o transporte mais caro foi o maior impulsionador da inflação mensal, de acordo com o IBGE.

Silveira tem defendido veementemente que a Petrobras reduza os preços do diesel e da gasolina. Durante o fim de semana, Prates rejeitou o apelo do ministro, dizendo que a produtora de petróleo continuará com sua atual política de preços, fazendo ajustes apenas quando as diretrizes técnicas sugerirem a necessidade deles.

PUBLICIDADE

Lula marcou para a tarde desta terça-feira uma reunião com Prates e ministros da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro de Minas e Energia e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, para discutir a estratégia de preços e investimentos da Petrobras.

A substituição de Prates não está em discussão no momento, segundo as pessoas, que pediram anonimato para discutir assuntos internos.

A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

PUBLICIDADE

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Incerteza fiscal inibe entrada de capital externo, diz estrategista do Deutsche

Microsoft quer trabalhar com Sam Altman onde quer que ele esteja, diz Nadella